Açoriano Oriental
“A humanidade de Jesus diz-nos que é possível humanizar todos os ambientes”

Este ano, D. Armando Esteves Domingues dirigiu a sua mensagem de Natal a todos os diocesanos a partir do Estabelecimento Prisional de Angra. Bispo realça que é possível ter esperança, mesmo na privação da liberdade

“A humanidade de Jesus diz-nos que é possível humanizar todos os ambientes”

Autor: Carlota Pimentel

“A esperança do Natal diz-nos que valemos não pelo que fomos, mas pelo que somos e sonhamos ser. Gostaria de poder abraçar cada um e cada uma dos que estão privados da sua liberdade, aqui neste estabelecimento prisional e em todos os outros; abraçar os seus responsáveis, os guardas prisionais e pessoal de serviço, e dizer-lhes: a humanidade de Jesus diz-nos que é possível humanizar todos os ambientes, servir toda e qualquer vida”, afirma o bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, citado pelo pelo sítio Igreja Açores, na sua mensagem de Natal.

Este ano, D. Armando Esteves Domingues escolheu o Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo - a maior cadeia dos Açores com 232 reclusos -, para dirigir a sua habitual mensagem de Natal a todos os diocesanos, lembrando que “mesmo atrás das grades, na privação da liberdade, é possível ter esperança”.

Conforme nota do portal Igreja Açores, o bispo de Angra seguiu o exemplo do Papa Francisco que no ano jubilar de 2025 terá uma porta santa simbólica na cadeia de Rebibbia em Roma, o que acontece pela primeira vez na história dos jubileus da Igreja, celebrados desde 1300.

“Para além de cada história e de cada erro ou fracasso, a vida é sempre um dom, e merece ser vivida com dignidade e celebrada, mesmo se privados de liberdade. Cada noite dá lugar ao dia, como a cada noite da vida se segue invariavelmente um dia novo, uma luz de esperança que nos fará melhores”, prossegue o bispo de Angra.

“Jesus nasceu cercado por dificuldades, pobreza e rejeição. Assim como em Belém, Ele continua a nascer nos lugares menos esperados: em corações feridos pelo ódio ou exclusão, em situações de guerra, de doença, de sofrimento, e, sim, também atrás de grades”, sublinha o prelado diocesano.

E acrescentou: “Não desistam! Nunca desistam! Ninguém se entregue ao desânimo. Mesmo quando tudo parece estar a desabar” num lugar que pode simbolizar “o silêncio, o castigo e a dor” mas que é também um lugar onde “Deus cura se assim o permitirmos”.

“No Natal não celebramos uma recordação, mas uma profecia. Naquela noite, o sentido das coisas tomou uma nova direção. A história recomeça a partir das margens da pequenez, onde está todo o sofrimento humano, mas também todos os seus sonhos”, realça, adiantando que o “nascimento de Jesus foi uma boa notícia para os pobres, os últimos, os anónimos, os esquecidos , os sem liberdade”.

Segundo D. Armando Esteves Domingues, “Deus entra no mundo a partir do ponto mais baixo, para que nenhuma criatura seja excluída do seu abraço que cura”, enfatizando que o grande assombro do Natal é “Deus na pequenez de uma criança deitada numa humilde manjedoura”.

“Enquanto o homem quer subir, comandar, acumular bens, Deus deseja descer, servir e dar. Ele traz uma nova ordem às coisas e ao coração” diz o bispo de Angra, citado pelo Igreja Açores, ao frisar que o nascimento “do Deus-Menino é a esperança que não desilude”.

“O Natal é o maior ato de fé de Deus na humanidade.Confiou o Seu filho a uma rapariga inexperiente para que cuide dele, o alimente de leite, de carícias e de sonhos. Do mesmo modo, Deus virá à terra apenas se nós cuidarmos dele em cada dia, como uma mãe”, realça.

D. Armando Esteves Domingues deixou ainda uma oração, dirigindo os votos de “paz, alegria e esperança a cada mulher e a cada homem, especialmente àqueles que se sentem prostrados pela sua condição existencial”.

“Um Santo e Feliz Natal com todos, todos, todos. Vamos juntos encarar 2025, caminhando juntos na Esperança para alcançarmos um futuro de paz, um futuro de amor e liberdade” conclui o bispo de Angra na sua mensagem de Natal que estará disponível, na íntegra, no sítio Igreja Açores no Dia de Natal.

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