Violas de arame de Portugal e do Brasil "fazem-se ouvir" em aldeia de Odemira

As sonoridades das violas de arame de Portugal e do Brasil podem ser ouvidas, este fim de semana, no interior do concelho de Odemira, distrito de Beja, num encontro que vai discutir o futuro destes cordofones.



O 8.º Encontro de Violas de Arame, organizado pelo Centro de Valorização da Viola Campaniça e do Cante de Improviso, vai juntar no mesmo ‘palco’, na aldeia de S. Martinho das Amoreiras, as violas campaniça (Alentejo), braguesa (Minho), beiroa (Beira Baixa), de arame (Madeira), da terra (Açores) e caipira (Minas Gerais/Brasil).

“Vamos receber outros ‘parentes’ da viola campaniça, violas tradicionais de outras regiões do país e de outros países onde existem violas que são a mesma, mas que foram sendo transformadas pelo povo, sendo cada uma distinta da outra” e “mantendo a sua originalidade”, explicou hoje à agência Lusa Pedro Mestre, coordenador do centro de valorização.

No encontro, que tem lugar no sábado e no domingo, indicou, vão estar em destaque violas tradicionais portuguesas desconhecidas da maioria do público que, ao longo dos anos, têm vindo a ser “preservadas” com “o sacrifício de algumas pessoas que as mantêm por herança familiar” ou graças ao “trabalho mais teórico do ensino”.

“Há uma série de violas tradicionais portuguesas que a maioria das pessoas não conhece e é esta realidade que pretendemos promover, além de dar a conhecer o trabalho que é desenvolvido pelo Centro de Valorização da Viola Campaniça e do Cante de Improviso”, salientou.

Durante dois dias, a aldeia do interior do concelho de Odemira, no litoral alentejano, vai “ganhar vida” com músicos, etnógrafos e curiosos interessados na música tradicional portuguesa, que vão discutir “o que poderá acontecer com estes cordofones” e “o que fazer para que se mantenham vivos” no futuro.

“Há violas que têm um trabalho recente de salvaguarda, como a viola beiroa (Beira Baixa), um instrumento de que até há cerca de cinco anos não se ouvia falar, a braguesa (Minho), que foi adaptada pelas Tunas Académicas, e todas as outras violas muito pelo esforço dos tocadores”, realçou.

Neste contexto, assinalou, a viola campaniça, no Alentejo, “goza de boa saúde”, depois de ter passado por um período de “quase extinção”.

“Hoje já não conseguimos ter noção da quantidade de pessoas que a tocam, nem das localidades que têm grupos com viola campaniça”, afirmou Pedro Mestre, frisando que já é mesmo “das violas mais vendidas no país”.

O evento deste fim de semana, que decorre pela primeira vez em Odemira e inclui o V Encontro de Tocadores de Viola Campaniça, tem tido “um papel importante na salvaguarda dos cordofones”, sublinhou o organizador.

“O trabalho de cada um estimula o outro a continuar, e dá entusiasmo para que se possam desenvolver iniciativas e para que, a partir de entidades estruturadas, possa ter lugar o ensino [dedicado a estes instrumentos]”, acrescentou.

O programa de sábado inclui uma mesa redonda de apresentação das violas de arame, dedilhadas pelos tocadores Pedro Mestre e Carlos Loução, José Barros, Ricardo Fonseca, Vítor Sardinha, Bruno Bettencourt e Chico Lobo, a inauguração de uma exposição de cordofones e um concerto de violas de arame.

O segundo dia, domingo, integra oficinas de construção de violas de arame, um encontro de cante de improviso, despique e baldão e um magusto.


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