Autor: Nuno Martins Neves
É um clima de “quero, posso e mando” aquele que Fernando Mota, vice-presidente do partido Chega Açores diz existir no seio da terceira força mais votada na Região. Em declarações exclusivas ao Açoriano Oriental, o empresário micaelense acusa o líder do Chega Açores, o deputado José Pacheco, de não ouvir ninguém, não prestar contas à direção e recusar sistematicamente as reuniões pedidas.
É o porta-voz do que diz ser um sentimento que se alastra no partido, insatisfeito com a atuação de José Pacheco: Fernando Mota vem a público acusar o líder do Chega Açores de querer um partido “vertical, em que um fala e os outros baixam as orelhas. Não ouve ninguém nem quer ninguém no partido com ideias próprias”.
O empresário micaelense diz que o líder do partido e do grupo parlamentar deslumbrou-se com o poder e que toma decisões sem consultar nem os deputados, nem os restantes membros da direção.
“Teima em não juntar o partido, em fazer reuniões com a direção, que ando a pedir há meses. Troquei imensas mensagens com o José Pacheco a solicitar reuniões e está sempre a dar para trás, porque sabe que há muito descontentamento e será uma reunião de direção muito conturbada”, diz Fernando Mota, acrescentando que a última reunião foi realizada ainda antes das Eleições Europeias, a 9 de junho.
O vice-presidente do partido vai mais longe e afirma que “uma boa parte da direção não se demitiu formalmente mas não quer saber, não aparece. Estamos muito fartos da liderança dele, e já lhe disse que estava a ficar com os mesmo tiques do Carlos Furtado”, antigo presidente do partido, atual líder do Juntos Pelo Povo Açores.
Além da falta de diálogo interno, Fernando Mota também quer apurar o que se terá passado com o contributo monetário dos militantes no jantar realizado antes das Eleições Regionais, no restaurante da Associação Agrícola de São Miguel, repasto que diz ter sido pago integralmente pela direção nacional do Chega.
“Segundo vai chegando aos ouvidos, este contributo não foi declarado, não há recibos nem nada. Se somos os arautos anticorrupção, temos de esclarecer esta situação. É tempo de dizer basta a isto tudo”, atira, assumindo que são necessárias eleições no partido, mas colocando-se à parte da corrida.
Contactado pelo Açoriano Oriental, o Chega Açores entendeu não prestar qualquer declaração sobre o assunto.