Autor: Lusa/AO online
Já 38,5% responderam que não queria abandonar o mercado laboral e ser doméstica a tempo inteiro, de acordo com a sondagem publicada pelo diário Mainichi.
O resultado contrasta com os objetivos recentemente delineados pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe, no âmbito do programa de reformas económicas, de acordo com o qual 30% dos cargos de responsabilidade sejam ocupados por mulheres até 2020.
Para 45% dos japoneses, entre os 15 e os 39 anos, o papel das mulheres é ocupar-se dos filhos e da casa. Mesmo em detrimento das carreiras, de acordo com 60% dos inquiridos.
"As mulheres têm outras coisas para fazer além do que trabalhar fora de casa, como tarefas domésticas e a educação das crianças", disseram 61% dos inquiridos.
Mesmo se o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Governo japonês pensam que a economia do país só poderá melhorar consistentemente se a taxa de atividade das mulheres aumentar, as jovens nipónicas continuam a ver o trabalho fora de casa como pouco recompensador.
A causa é que as empresas tendem a destacar as mulheres para tarefas subalternas e, por vezes, desencorajantes.
Atualmente, apenas 2,6% dos diretores japoneses são mulheres, enquanto 4,6% ocupam postos de gestão, de acordo com dados de 2012 difundidos pela Associação de Empresários nipónicos. Só 11% dos deputados japoneses são mulheres.
Na mesma sondagem, apenas um em cada cinco homens solteiros (19,3%) disseram ser a favor de que a futura mulher trabalhe fora de casa e 30,2% responderam que não queriam que a companheira saísse do mercado de trabalho.
A sondagem realizou-se em março, numa amostra de 3.133 indivíduos.
Embora a participação da mulher, em todos os aspetos da vida social japonesa, tenha aumentado progressivamente, a industrialização acabou por tornar socialmente aceite, durante boa parte do século XX, que apenas o homem tivesse um trabalho remunerado e a mulher ficasse exclusivamente dedicada à casa, à gestão das finanças familiares e às crianças.
De acordo com dados deste ano da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), cerca de 60% das mulheres japonesas abandona o trabalho depois de terem o primeiro filho.