Açoriano Oriental
Afeganistão
UE pretende continuar conversações com talibãs após reunião no Qatar

A União Europeia (UE) afirmou que continuará a dialogar com os talibãs para garantir o acesso à ajuda humanitária no Afeganistão, após o encontro de uma delegação europeia com o regime radical neste fim de semana no Qatar.

UE pretende continuar conversações com talibãs após reunião no Qatar

Autor: Lusa/AO Online

"A ideia é continuarmos as conversações (…) para sermos capazes de garantir que podemos oferecer o máximo de acesso de ajuda humanitária ao Afeganistão", disse a porta-voz do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), Nabila Massrali, numa conferência de imprensa.

A porta-voz também acrescentou que a UE voltará a estar presente no Afeganistão com um escritório em Cabul "quando as medidas de segurança forem apropriadas".

Esta afirmação difere da versão prestada, após a reunião no domingo, pelo principal porta-voz dos talibãs, Zabiullah Mujahid, que assegurou que a delegação europeia "prometeu a continuação da presença de um gabinete humanitário da UE em Cabul para prestar assistência humanitária".

Através de um comunicado, a UE também deu a conhecer a sua versão do encontro de domingo, tendo assegurado que nem a possibilidade de reabertura de um escritório em Cabul nem a reunião deste fim de semana representam um reconhecimento do bloco comunitário do Governo talibã, no poder desde agosto passado e que não inclui mulheres ou elementos de minorias, contrariando os apelos de Bruxelas.

O SEAE recordou que a ajuda ao desenvolvimento da UE ao Afeganistão ainda se encontra suspensa, mas manifestou a sua "vontade de considerar a possibilidade de prestar uma assistência financeira substancial em benefício direto do povo afegão", canalizada "exclusivamente" através de organizações internacionais e organizações não-governamentais (ONG).

Segundo a UE, os talibãs garantiram a passagem segura para estrangeiros e afegãos que queiram deixar o país.

Garantir a saída dos europeus e estudar como aliviar a crise humanitária que os afegãos vivem são dois dos principais objetivos dos países da UE desde que as tropas dos Estados Unidos deixaram o Afeganistão em 31 de agosto, após vinte anos de presença.

A crise humanitária afegã começou a atingir níveis sem precedentes depois da chegada dos talibãs ao poder, em 15 de agosto, em resultado das sanções económicas internacionais e dos Estados Unidos para impedir o acesso dos líderes islamitas, alguns dos quais considerados ameaças globais, ao sistema financeiro internacional.

A banca e os serviços financeiros internacionais congelaram de imediato as reservas e os fundos destinados a manter em funcionamento o sistema sanitário e a distribuição de ajuda humanitária ao Afeganistão, devastado por décadas de conflito.


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