Açoriano Oriental
Três gerações mostram “A Natureza Como Eu a Vejo” na Fonseca Macedo

Exposição, que marca o início das comemorações do 25.º aniversário da Galeria Fonseca Macedo, reúne obras de Urbano, Vasco Barata e Margarida Andrade que exploram a natureza através de uma narrativa visual que reflete o compromisso da Galeria com a arte contemporânea. Obras estão em exposição até 14 de setembro

Três gerações mostram “A Natureza Como Eu a Vejo” na Fonseca Macedo

Autor: Ana Carvalho Melo

A exposição “A Natureza Como Eu a Vejo”, que inicia o programa comemorativo do 25.º aniversário da Galeria Fonseca Macedo, reúne obras de Urbano, Vasco Barata e Margarida Andrade, três artistas que representam gerações distintas.

Para João Mourão, autor da folha de sala, a escolha destes três artistas é “reveladora do trabalho contínuo de renovação e acompanhamento que a Galeria tem feito nestas mais de duas décadas de existência”. Considera ainda que “A Natureza Como Eu a Vejo” se constrói “entre a observação de Urbano, a comunhão de Andrade e a prospeção de Barata”.

“Ainda que sejam as obras destes três artistas que moldam o entendimento sobre este tema, bem como a centralidade que ocupa tanto na história da arte como num conjunto de preocupações mais vastas e transversais ao pensamento contemporâneo, fica também evidente, pelo título, que cabe a cada um de nós ver e ser natureza”, afirma.
Num encontro com os três artistas na Galeria Fonseca Macedo, foi possível perceber um pouco melhor a forma como cada um deles desenvolveu o tema que lhe foi proposto e até mesmo a ligação deste com outros trabalhos já apresentados neste espaço.

Urbano (Ponta Delgada, 1959), que apresenta “A Montanha do Fogo” (2024), uma série de obras que parece prolongar a inquietude do artista perante os mistérios e as teorias da origem do mundo e das espécies, começou por realçar o encontro entre estes trabalhos e os que apresentou na exposição que inaugurou este espaço.
“A primeira exposição feita nesta galeria, há 24 anos, em julho, teve como título ‘Os Primeiros Frutos’, pelo que é curioso voltar agora com esta série de trabalhos”, recorda Urbano ao Açoriano Oriental.
Sobre os trabalhos agora em exposição, conta: “Eu não costumo trabalhar a paisagem desta forma, mas, como no ano passado ia todos os dias para a Ribeira Grande e vi todos os dias a montanha do Fogo do lado norte e a passagem das estações e como a paisagem se transforma, decidi fazer esta série de trabalhos”, explica, salientando que em comum todos os trabalhos apresentados têm a silhueta da montanha do Fogo. Revela ainda que estes trabalhos refletem “A Natureza Como Eu a Vejo”, ou seja, “como um imenso organismo composto por milhões de organismos, dos mais frágeis aos mais poderosos. No fundo, o que eu vejo é um organismo vivo em permanente transformação entre a vida e a morte e numa luta constante pela sobrevivência”.

Por sua vez, Vasco Barata (Lisboa, 1974) apresenta “BEGET II” (2024), um corpo de trabalho onde o desenho pretende expandir ideias de paisagem.
“Estes desenhos resultam de um projeto que começou na Drawing Room e que evoluiu para esta paisagem, em que represento o que aconteceria se tudo correr mal e os humanos se extinguissem. É uma paisagem em que a natureza volta a despertar pela sua capacidade de se regenerar”, explica, realçando: “O meu alerta é: se isto correr mal, nós desaparecemos, a natureza fica ferida, mas vai regenerar-se”.

Margarida Andrade (Ponta Delgada, 1996) continua a sua deambulação pelos espaços naturais, questionando o entendimento generalizado do que é, ou não é, natural; ou se tudo é natural e a dialética natureza-humano apenas pretende dar conta da nossa necessidade de separar estas duas categorias.
“A minha primeira exposição na galeria chamava-se ‘Um Herbário por Nascer’ e tinha por objetivo recriar imaginários sobre o futuro sem o ser humano, em que as plantas estavam felicíssimas por já não terem os pés dos humanos a pisarem-lhes os calos. Neste caso, e como o título era ‘A Natureza Como Eu a Vejo’, tentei explorar mais o conceito de natureza e questioná-lo, porque nós, seres humanos, fazemos parte dela”, refere.
“As minhas pinturas são reflexões sobre o Pico da Barrosa, no lado sul, porque é um espaço que vejo diariamente e, para mim, é o conceito base do que é a natureza, que no entanto é apresentada do meu ponto de vista, pelo que essa representação me inclui a mim também”, explica.

Face a esta apresentação dos trabalhos pelos seus criadores, a conclusão parece ser de que, “independentemente das abordagens, há formas que se repetem”, e que ligam os três artistas que agora estão reunidos na Galeria Fonseca Macedo.

A exposição que foi inaugurada na quinta-feira passada pode ser visitada até 14 de setembro.

PUB
Regional Ver Mais
  • Ligação Terceira - Zurique tem “sentido estratégico” para os Açores
     
    O vice-presidente do Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) considerou hoje que a nova ligação aérea direta entre a ilha Terceira e Zurique (Suíça), pela companhia Edelweiss Air, assume “sentido estratégico” para o arquipélago.
  • Crise no Médio Oriente relançou importância da base das Lajes
     
    O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, considerou hoje que "sem dúvida" que a crise no Médio Oriente relançou a importância geoestratégica da base das Lajes, cuja notificação correu "dentro da normalidade".

  • Protocolo para vigilância e bem-estar nas zonas balneares

  • Requalificação da Ludoteca Municipal da Madalena

  • Novo regime de arrendamento reduz esforço no acesso à habitação
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados

Este site utiliza cookies: ao navegar no site está a consentir a sua utilização.
Consulte os termos e condições de utilização e a política de privacidade do site do Açoriano Oriental.