Açoriano Oriental
Sindicato alerta para “atropelos laborais" que se intensificaram nos Açores

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comércio e Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores denunciou hoje "o aumento significativo das dificuldades dos trabalhadores" na região, confrontados com “atropelos laborais" que se "intensificaram fortemente nestes últimos meses".

Sindicato alerta para “atropelos laborais" que se intensificaram nos Açores

Autor: Lusa/AO Online

"A direção do SITACEHT/AÇORES alerta para a necessidade de ser preciso também agir no combate a outros vírus que aí andam há décadas: o vírus dos baixos salários, da precariedade, da exploração, do empobrecimento e das políticas que os alimentam", afirmou o dirigente sindical Vitor Silva, numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.

O sindicato manifestou-se preocupado com a situação laboral nos Açores, dando conta de despedimentos, cortes nos salários, perda de outras remunerações (como o subsídio de refeição e transportes), "imposição de férias, limitação ou impedimento no acompanhamento a filho, alteração unilateral de horários e uma maior desregulação dos horários de trabalho".

Há também registo de "incumprimento de normas de higiene, saúde e segurança no trabalho", além de "horas extraordinárias não remuneradas" e "tantos outros atropelos laborais e arbitrariedades que se intensificaram fortemente nestes últimos meses".

"Falamos em baixos salários. São cada vez mais os trabalhadores que auferem o salário mínimo praticado na região e são cada vez mais os que estão em situação de pobreza, empobrecendo a trabalhar", apontou Vitor Silva.

O sindicato exemplificou referindo que mensalmente, "em média, um trabalhador açoriano recebe menos 110 euros do que os trabalhadores das outras regiões do país".

Além disso, sublinhou, "a taxa de pobreza e exclusão social nos Açores é de 36,7%, enquanto a taxa nacional é de 21,6%".

"Em 2020, um trabalhador que recebe o salário mínimo garantido na região de 666,75 euros, depois dos 11% de desconto para a Segurança Social, leva para casa 593,41 euros", afirmou, recordando que "o valor considerado para o limiar da pobreza é de 501 euros".

Vitor Silva referiu-se à situação dos trabalhadores com contratos a prazo, falsos recibos verdes ou falsos estagiários, trabalhadores à peça, à hora ou de empresas de trabalho temporário ou ‘outsourcing’, em período experimental e com outros vínculos precários que, respondendo a necessidades permanentes, “têm na instabilidade e na incerteza do seu posto de trabalho o quotidiano das suas vidas, o que torna a precariedade num flagelo na região".

"Horários desregulados, turnos informados de véspera. Fins de semana com os filhos que não há, porque são negadas as condições para a articulação da vida profissional, pessoal e familiar. Limitação e negação de direitos de maternidade e paternidade. Chantagens, pressões, represálias sobre trabalhadores", apontou.

Para o Movimento Sindical Unitário Açoriano, "tempos excecionais exigem medidas excecionais que protejam e reforcem os direitos e os rendimentos dos trabalhadores”.

"Vamos continuar a luta pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores açorianos, pois ela é condição essencial para uma região que se quer desenvolvida, de progresso e justiça social", frisou, afirmando que os baixos salários praticados em termos gerais nos Açores fazem com que muitos trabalhadores no arquipélago sejam pobres, mesmo tendo um trabalho.

O SITACEHT/AÇORES anunciou que vai participar na quinzena de luta a nível nacional, de 27 de julho a 7 de agosto, pela "reposição de todos os direitos e por melhores salários".

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