Autor: Lusa/AO Online
“Não existe uma solução rápida” para prevenir as travessias, afirmou, sendo necessário "responder a fatores de longo prazo, desintegrar gangues de criminosos que tratam as pessoas como mercadorias e atacar as cadeias de abastecimento”.
"Isso requer um esforço internacional coordenado", disse, numa intervenção no parlamento.
A ministra disse que está "em constante contacto” com os homólogos europeus, incluindo França, Polónia, Áustria, Bélgica, Itália e Grécia, entre outros, tendo confirmado que reiterou hoje ao homólogo francês, Gérald Darmanin, a oferta britânica de enviar forças para patrulhar as costas francesas, rejeitada por Paris até agora.
“Mais uma vez tornei a minha oferta muito clara a França, em termos de cooperação entre França e Reino Unido, de patrulhas comuns para evitar que estas viagens perigosas ocorram. Propus trabalhar com França para colocar mais agentes no terreno e fazer absolutamente o que for necessário para tornar as áreas mais seguras para que pessoas não arrisquem as suas vidas entrando em barcos impróprios para o mar”, revelou.
As autoridades francesas anunciaram que pelo menos 27 pessoas terão morrido afogadas na quarta-feira quando tentavam atravessar o Canal da Mancha, de França para o Reino Unido, incluindo uma mulher grávida e três crianças, enquanto duas pessoas sobreviveram.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, conduziu uma reunião de emergência na quarta-feira à noite sobre o assunto e falou depois com o Presidente francês, Emmanuel Macron.
Os dois “concordaram com a urgência em aumentar os esforços conjuntos para evitar estas travessias”, segundo um porta-voz de Downing Street, e reconheceram a necessidade de trabalhar com a Bélgica, os Países Baixos e outros países europeus.
Dados do Ministério do Interior britânico indicam que, este ano, chegaram ao Reino Unido de barco mais de 25.700 migrantes ilegais, o triplo dos 8.469 registados no ano passado ou de cerca de 300 em 2018.
No início deste mês registou-se um recorde de chegadas num só dia: 1.185 migrantes.
Mas a ministra do Interior britânica também sublinhou que 26.000 travessias foram bloqueadas este ano, além de desmantelados 17 grupos organizados, resultando em 400 detenções e 65 condenações.
O Reino Unido anunciou recentemente um apoio de 54 milhões de libras (64 milhões de euros) para financiar o aumento das patrulhas francesas.
“Estamos a pôr em prática uma variedade de trabalho diplomático e operacional. Já aprovei táticas marítimas, incluindo de forçar barcos a voltar atrás para a Marinha usar”, disse Patel aos deputados.
Segundo o jornal britânico The Guardian, três organizações não-governamentais (ONG) humanitárias pretendem desafiar na justiça britânica esta estratégia, invocando o desrespeito dos direitos humanos e da legislação marítima.