Açoriano Oriental
Cronologia
Recuperação do tempo de serviço dos professores

O diploma do Governo de recuperação de menos de três anos de tempo de serviço dos professores que esteve congelado é terça-feira alvo de apreciação parlamentar por parte dos deputados da Assembleia da República.

Recuperação do tempo de serviço dos professores

Autor: Lusa/Ao online

Depois de mais de um ano de negociações entre sindicatos e Governo, o assunto regressa novamente ao parlamento, onde Bloco de Esquerda, PCP e PSD apresentam propostas que devem ir ao encontro das exigências dos docentes: a recuperação integral de nove anos, quatro meses e dois dias de serviço congelado. 

2017

15 out

A proposta do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) prevê o descongelamento das progressões na carreira da administração pública. Mas a recuperação de tempo de serviço de mais de nove anos dos professores, em dois períodos entre 2005 e 2017, não fica esclarecida.

27 out

A Fenprof junta-se a uma greve da administração pública. O secretário-geral da estrutura sindical, Mário Nogueira, diz ser a maior paralisação de professores desde 2013.

14 nov

Governo e sindicatos de educação reúnem-se para discutir a contabilização do tempo de serviço congelado, mas o encontro é inconclusivo.

O primeiro-ministro diz que o cronómetro da carreira dos professores vai voltar a contar para efeitos de progressão, mas avisa que a reposição imediata e total dos anos de congelamento custaria 650 milhões de euros.

15 nov

Em dia de greve e manifestação nacional de docentes, a secretária de Estado Adjunta e da Educação declara que o OE2018 não vai contemplar a reposição das verbas relativas aos nove anos de serviço congelados aos professores, mas promete negociar com os sindicatos a contagem do tempo de serviço de forma faseada.

PCP, BE e PEV declaram apoio à luta dos professores, CDS-PP defende que as posições dos sindicatos são "bons pontos de partida, aceitáveis", para uma negociação, enquanto PSD acusa o primeiro-ministro de “falta de vergonha” ao imputar responsabilidades ao Governo anterior e criar “ilusões” a várias classes profissionais.

16 nov

Após reuniões separadas com o Governo, as estruturas sindicais saem dos encontros com a indicação de que a reposição do tempo de serviço só se iniciará em 2020, mas a Fenprof diz que o executivo admite começá-la ainda nesta legislatura.

O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, exige que o OE2018 contemple o descongelamento de todas as carreiras da administração pública, incluindo professores.

17 nov

O ministro das Finanças, Mário Centeno, afirma que quase 50% dos professores vão ter progressões na carreira e mais de 7.000 recém-contratados vão ser colocados nos escalões previstos em 2018, medidas que custam 115 milhões de euros.

18 nov

Governo e sindicatos alcançam uma declaração de compromisso, mas não um acordo, segundo os representantes dos docentes, no fim de uma maratona negocial com o ME que durou 10 horas.

27 nov

A versão final do OE2018 aprovada pelo parlamento remete para discussão com os sindicatos o tempo e a forma do descongelamento das carreiras, tendo em conta "os recursos disponíveis".

15 dez

O parlamento aprova um projeto de resolução do partido Os Verdes para a contagem de todo o tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira da função pública.

Apesar da abstenção do PSD e do CDS-PP, o texto foi apoiado por PS, BE, PCP e PAN, recomendando ao Governo que, "em diálogo com os sindicatos, garanta que, nas carreiras cuja progressão depende também do tempo de serviço prestado, é contado todo esse tempo para efeitos de progressão na carreira e da correspondente valorização remuneratória", em referência, por exemplo, aos docentes.

Após nova ronda negocial com os professores, o Governo afirma que haverá “alguma atribuição de relevância” na reposição de tempo de serviço.

2018

24 jan

O Governo afirma que nenhum cenário está excluído desde que seja “sustentável e compatível com os recursos”. Sindicatos de professores saem da reunião com o executivo desapontados com “falta de propostas”.

28 fev

O Governo propõe que os professores recuperem apenas dois anos e 10 meses, algo que os docentes consideram insultuoso e inaceitável, prometendo mais contestação.

12 mar

No final de nova ronda negocial, o Governo justifica, numa nota explicativa, a sua proposta: “Nas carreiras gerais, um módulo padrão de progressão corresponde a dez anos. Na carreira docente, o módulo padrão é de quatro anos. Assim, os sete anos de congelamento, que correspondem a 70% do módulo de uma carreira geral, traduzem-se em 70% de quatro anos na carreira docente, ou seja, dois anos, nove meses e 18 dias”.

13 mar

Greve nacional dos professores, convocada pela plataforma de sindicatos, entre as quais as mais representativas - Fenprof e Federação Nacional de Educação (FNE) - e que se prolonga nos dias seguintes em paralisações regionais.

19 mai

Milhares de professores concentram-se em Lisboa. "9A-4M-2D" é a mensagem replicada em cartazes, folhetos e t-shirts, referindo-se aos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço congelado. Os sindicatos avisam que “o tempo dos compromissos acabou”.

04 jun

O ministro da Educação diz que os professores não vão ter contabilizado qualquer tempo de serviço congelado por terem falhado as negociações com os sindicatos. A ausência de acordo “significa ficar tudo como estava”, afirma Tiago Brandão Rodrigues, no final de um dia de reuniões com os sindicatos.

05 jun

António Costa corrige o ministro da Educação e afirma que a proposta do Governo continua em cima da mesa. Ao mesmo tempo, o chefe do Governo avisa que não há disponibilidade para um acordo perante “a posição intransigente dos sindicatos”, recusando que esta classe seja uma exceção no descongelamento de carreiras.

06 jun

A Fenprof aceita a proposta do Governo caso se trate de uma primeira prestação: “O senhor primeiro-ministro disse que os dois anos e nove meses é para o próximo ano? Ai se for isso, se for a primeira tranche no próximo ano, então está bem”, afirma Mário Nogueira.

02 jul

A plataforma das dez organizações sindicais de professores que promovem uma greve às avaliações entrega uma carta aberta manifestando “total disponibilidade” para a reabertura de negociações.

11 jul

Governo e sindicatos acordam criação de uma comissão técnica para analisar os custos reais da recuperação do tempo de serviço congelado, remetendo a continuidade das negociações para setembro.

23 jul

FNE e Fenprof consideram inaceitáveis, injustas “e quase uma provocação” as declarações do ministro das Finanças, que diz não ser possível pôr em causa a sustentabilidade do Orçamento do Estado por causa da contabilização do tempo dos professores.

03 ago

O Presidente da República diz que está disponível para receber os sindicatos dos professores, mas só depois das negociações com o Governo, ao qual não pretende substituir-se.

07 set

O Governo volta a romper diálogo com sindicatos e insiste na recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias, a partir de janeiro.

“O Governo irá avançar para a operacionalização desta proposta mesmo sem termos chegado a um acordo com as organizações sindicais. Neste sentido mostra-se o sentido de responsabilidade do Governo, mas também a boa-fé negocial e a não inflexibilidade do lado do Governo”, diz o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, no final de uma reunião com os sindicatos.

01 out

Os professores respondem à proposta unilateral do Governo iniciando vários dias de greve.

04 out

O Governo aprova o decreto-lei que define que os professores vão recuperar dois anos, nove meses e 18 dias. Fenprof reage dizendo que se trata de uma "declaração de guerra".

05 out

Mário Nogueira anuncia, no final de uma manifestação nacional de professores junto ao Ministério das Finanças, que a luta vai prosseguir uma "via jurídica", além de greves às reuniões, incluindo avaliações, e uma queixa à Organização Internacional do Trabalho.

29 out

Os professores retomam a luta com uma greve ao trabalho extraordinário que ameaçam manter até ao final do ano letivo e sob ameaça de perda de remuneração.

22 nov

O primeiro-ministro declara que um eventual acordo parlamentar envolvendo PSD, CDS-PP, BE, PCP e PEV para se contabilizar o tempo de serviço dos professores “não é sério".

"PSD e CDS votaram, ano após ano, o congelamento da carreira dos professores, dizendo expressamente que esses anos de congelamento não contariam como anos de serviço, enquanto este Governo comprometeu-se a descongelar, e descongelou ", defende António Costa.

26 nov

As propostas de alteração orçamental do PSD, CDS e PCP que retomam a norma do Orçamento do Estado para 2018 sobre o tempo de serviço dos professores são aprovadas na especialidade, no parlamento, remetendo os prazos para o processo negocial.

Porém, as propostas do BE e do PCP que propunham um calendário para o faseamento da contabilização integral do tempo de serviço das carreiras especiais da função pública são rejeitadas.

27 nov

O primeiro-ministro afirma que prossegue o processo legislativo relativo à contagem do tempo de serviço congelado de carreiras como a dos professores, sem se referir a novas negociações.

28 nov

A Assembleia Legislativa da Madeira aprova, por unanimidade, a proposta de decreto legislativo regional que consagra a recuperação integral do tempo de serviço congelado dos professores, ou seja, nove anos, quatro meses e dois dias.

A recuperação do tempo de serviço prestado pelos professores integrados na carreira docente da Região Autónoma da Madeira vai processar-se de forma faseada, durante sete anos, entre 2019 e 2025, representando uma despesa na ordem dos 28 milhões de euros.

05 dez

O secretário-geral da Fenprof diz que a nova reunião negocial convocada pelo Ministério da Educação com dez estruturas sindicais “foi um absurdo”, porque não trouxe nada de novo, mantendo-se o braço-de-ferro com o Governo.

18 dez

Após uma reunião suplementar a seu pedido, os sindicatos queixam-se de terem encontrado uma “parede de intransigência”, e ameaçam “bloquear o normal desenvolvimento do ano letivo” se o Governo não abrir negociações até ao final de janeiro.

20 dez

O decreto-lei que prevê a recuperação de tempo congelado aos professores é aprovado em Conselho de Ministros. No dia em que os docentes voltam a sair à rua, o Governo mantém a sua proposta. BE e PCP prometem apreciações parlamentares em caso de promulgação.

21 dez

O parlamento aceita discutir e votar uma iniciativa legislativa de cidadãos para que seja integralmente contado o tempo de serviço dos professores. A iniciativa recolheu mais de 20 mil assinaturas e foi lançada por um grupo de docentes.

26 dez

O Presidente da República veta o diploma do Governo que prevê a recuperação parcial do tempo de serviço dos professores, entendendo que a norma incluída pelos partidos no OE2019 obriga a que o diploma “seja objeto de processo negocial”.

Os sindicatos saúdam a decisão, admitindo uma solução semelhante à que foi encontrada na Madeira, e todos os partidos no parlamento, à exceção do PS, também expressam apoio ao veto presidencial. O Governo lamenta que os professores não recuperem tempo de serviço a partir de 01 de janeiro, prometendo, contudo, reabrir o processo negocial.

2019

08 jan

Governo Regional dos Açores aprova proposta de decreto legislativo para a recuperação integral do tempo de serviço dos professores para efeitos de progressão de carreira - sete anos no caso dos Açores.

15 jan

Ministro da Educação vai ao parlamento e não esclarece quando se reiniciam as negociações, lembrando apenas que o Orçamento do Estado para 2019 é “válido durante todo o ano”.

16 jan

Federação Nacional dos Professores (Fenprof) pede ao primeiro-ministro que demita o ministro da Educação por “incapacidade e comprovada incompetência política” para dirigir as negociações.

25 fev

Professores e Governo regressam à mesa das negociações para discutir a recuperação do tempo de serviço congelado, mas a reunião termina sem acordo nem novas propostas, com acusações mútuas de intransigência.

04 mar

Terminam negociações sem acordo, com os sindicatos a classificarem a reunião de “farsa carnavalesca” e o ministro a afirmar que houve seriedade durante todo o processo.

07 mar

Conselho de Ministros aprova decreto-lei que repõe dois anos, nove meses e 18 dias do tempo congelado entre 2011 e 2017. Bloco de Esquerda e PCP anunciam que vão pedir a apreciação parlamentar do decreto do Governo. Fenprof diz que “para os professores este Governo morreu”.

11 mar

Decreto do Governo é promulgado pelo Presidente da República. Professores prometem lutar até à véspera das eleições, caso não haja mudanças entretanto.

12 mar

CDS-PP anuncia que irá aprovar a apreciação parlamentar pedida pelo PCP e BE e propor nova negociação com os sindicatos em 2020.

15 mar

Diploma de recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias de tempo de serviço congelado aos professores é publicado em Diário da República.

22 mar

O PCP apresenta em conferência de imprensa no parlamento a sua proposta de apreciação parlamentar do decreto do Governo para a recuperação do tempo de serviço, propondo a contagem integral dos mais de nove anos congelados.

23 mar

Milhares de professores manifestam-se em Lisboa e anunciam greve às aulas, avaliações e exames assim como uma nova manifestação nacional a 5 de outubro (Dia do Professor e véspera de eleições legislativas), caso não sejam feitas alterações legislativas que garantam a recuperação dos cerca de nove anos de serviço.

04 abr

Governo aprova em Conselho de Ministros diploma sobre descongelamento das carreiras especiais que dá a possibilidade aos professores de optar entre recuperar de uma vez só o período do congelamento para progredir na carreira ou de forma faseada entre 2019 e 2021.

12 abr

PSD e Bloco de Esquerda tornam públicas as suas propostas de apreciação parlamentar do decreto do Governo, com textos que também acolhem a principal reivindicação dos sindicatos, ou seja, a contagem dos nove anos, quatro meses e dois dias de tempo de serviço congelado.


PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados