Autor: AO Online/ Lusa
Em causa está um 'email' enviado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) sobre o processo de voto em mobilidade para as próximas regionais de 25 de outubro, assinada pelo Governo dos Açores, e apresentando a seguinte mensagem: “O futuro dos Açores está nas suas mãos”.
Uma comunicação que, segundo o líder do PSD/Açores, “não é uma situação normal”, salientado que “não se pode transformar o anormal em normalidade democrática”.
“Não é razoável. Nós vamos obviamente comunicar e pedir explicações, uma averiguação e uma avaliação à própria CNE e também ao senhor Presidente da República, que é a entidade nacional que zela e vela pelo normal e regular funcionamento das instituições”, afirmou o líder do PSD/Açores, em declarações aos jornalistas na Madalena, após visitar a Cooperativa Vitivinícola da ilha do Pico.
Bolieiro destacou que o PSD também está a equacionar a “possibilidade” de “ouvir esclarecimentos” sobre a situação por “via parlamentar” na Assembleia da República.
“Não como candidato, mas como democrata, acho que deveríamos no normal e regular funcionamento das instituições democráticas prescindir dessa atitude. Eu não acho isso razoável e creio que tende a ser interpretado como uma manipulação”, apontou.
O líder do PSD dos Açores salientou que as “relações com os eleitores” estão a cargo da CNE, afirmando não ter “nada a dizer” quanto ao conteúdo da mensagem, mas “tudo para dizer” relativamente à assinatura.
O vice-presidente do Governo Regional e atual cabeça de lista do PS pelo círculo eleitoral da Terceira, Sérgio Ávila, já reagiu à Antena 1 Açores, tendo dito que a AT se “disponibilizou para passar a informação”, uma vez que a região “não tem acesso à base de dados do contribuinte”, salientando que o conteúdo foi “definido no âmbito da CNE”.
“Hoje mesmo ouvi declarações do vice-presidente do Governo a dar voz e a fundamentar essa opção. Ele próprio é candidato a deputado pela lista da ilha terceira”, disse Bolieiro.
Bolieiro também comentou as declarações do presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro, que disse que o líder nacional do PSD, Rui Rio, está a fazer "passar os açorianos por tolos", ao dizer que é necessária alternância política na região, quando os sociais-democratas governam a Madeira há 44 anos.
O social-democrata disse lamentar a linguagem utilizada pelo presidente socialista, que “não dignifica os autores políticos”, considerando que os políticos devem ter “respeito uns pelos outros”.
“Esta linguagem não fica bem sobretudo a quem a produz. Na verdade, o que importa aqui também, e eu assumo isso, é fazer a defesa do interesse dos Açores junto das direções nacionais e isso eu garanto fazer em qualquer circunstância com qualquer liderança”, apontou.
As próximas eleições para o parlamento açoriano decorrem em 25 de outubro.
Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).
O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.
O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.