Açoriano Oriental
Presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo propõe federação de associações nos Açores

O presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) propôs a criação de uma federação que congregue várias associações dos Açores, na sequência de uma troca de acusações com o homólogo de Ponta Delgada.

Presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo propõe federação de associações nos Açores

Autor: Lusa/AO Online

“A CCAH lança a ideia da criação de uma associação de participação mais alargada, no âmbito da CCIA [Câmara de Comércio e Indústria dos Açores] ou fora dela, que congregue todas as associações que existem na região, que facilite a discussão e a obtenção de pareceres de todas as partes intervenientes na economia da região”, avançou o presidente da associação empresarial, Marcos Couto, em comunicado de imprensa.

A Câmara de Comércio e Indústria dos Açores integra as três câmaras de comércio da região (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta).

A presidência da associação é rotativa, sendo atualmente assumida pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), Mário Fortuna, que também já tinha defendido a criação de uma federação.

“A configuração destas câmaras de comércio tem de ser alterada, entendo eu, ou então tem de se arranjar uma instituição tipo federação que assuma este papel”, adiantou, numa conferência de imprensa, a 22 de outubro.

Recentemente, na sequência de críticas de partidos políticos e empresários ao processo de criação das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nos Açores, as associações empresariais de Angra do Heroísmo e Horta emitiram um comunicado a alegar que a liderança das agendas tinha sido da CCIPD, “sem curar de envolver as suas congéneres de Angra e Horta, desrespeitando-as e menorizando a intervenção que, por direito, também lhes cabia”.

Em resposta, Mário Fortuna disse que as duas associações empresariais participaram em “dezenas de reuniões”, sem apresentar “reclamações em devido tempo”.

Lamentou ainda que tenha "deixado de funcionar" a colaboração que "sempre funcionou" entre as associações, alegando que "as câmaras do comércio nunca se hostilizaram a este nível".

Marcos Couto acusou o presidente da associação empresarial de Ponta Delgada de já ter ameaçado sair da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores “pelo menos” duas vezes “em cinco meses”, acrescentando que a CCAH  não aceitará “trabalhar sob chantagem”.

“Se esta é a sua vontade, que avance. Não faz qualquer sentido continuar a utilizar a antiga estratégia de dividir para reinar, ameaçar e não atuar”, afirmou, lembrando que em março a presidência da CCIA “passaria” para a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo.

O presidente da associação empresarial representativa das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa defendeu que “a sociedade açoriana precisa de novos protagonistas e de uma participação mais alargada”, propondo a criação de uma federação em que todas as associações tenham uma “voz ativa”.

“A nós, CCAH, parece-nos um passo importante e imprescindível ao desenvolvimento harmonioso e equitativo das diferentes ilhas. As primeiras reuniões para esse objetivo ser concretizado devem ter o seu início em breve”, frisou.

Marcos Couto disse estar aberto “ao consenso e ao diálogo construtivo”, desde que exista uma “mudança de paradigma”.

“Se hoje em dia existe divisionismo dentro do tecido empresarial açoriano, esse tem um único culpado, que se chama Mário Fortuna. Os Açores não podem continuar a viver num ambiente de guerrilha institucional em que, só por se pensar diferente das convicções do dr. Mário Fortuna, é-se logo ameaçado de isolamento. Esta atitude, sim, é que é uma ameaça à unidade regional”, acusou.

Quanto ao processo de criação das agendas mobilizadoras, o presidente da CCAH reiterou que as associações empresariais não deviam ter estado envolvidas e disse que lhe foi transmitido por Mário Fortuna, a 15 de julho, que tinha sido o secretário regional das Finanças a pedir que as câmaras de comércio “liderassem as agendas”.

“Perante tal informação e o nosso (des)conhecimento do processo na altura, o pedido foi aceite com toda a naturalidade. Olhando agora para trás, pensamos que foi um erro”, salientou, acrescentando que não voltará a falar em público sobre as agendas mobilizadoras, tendo em conta que está prevista uma comissão de inquérito no Parlamento açoriano sobre este tema.

A Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada agendou para esta sexta-feira uma assembleia-geral para debater precisamente o "clima de suspeição" gerado em torno do processo de criação das agendas mobilizadoras.

Em causa estão acusações de favorecimento de empresas no âmbito de candidaturas a 117 milhões de euros do PRR, que levaram o executivo açoriano a pedir que o processo fosse reiniciado. 


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