Autor: Lusa/AO Online
O voto foi proposto pelo Bloco de Esquerda e votado favoravelmente por todos os partidos à exceção do PSD, que se absteve, o que originou algumas críticas.
A marcha LGBT, organizada pela associação Pride Azores, procurou "retirar os açorianos e as açorianas gay, lésbicas, bissexuais e transexuais da invisibilidade", lê-se no texto aprovado pelo plenário.
"O preconceito e a discriminação existem, nos seus mais diversos graus, só ocultados pela invisibilidade social das suas vítimas, pelo que qualquer manifestação é, também, um meio de combater ambos. Por isso, a desvalorização da importância da referida visibilidade é, também ela, uma forma de cumplicidade com o preconceito e a descriminação", acrescenta.
A terceira edição da marcha LGBT dos Açores mobilizou pouco mais de dez pessoas, menos do que nos anos anteriores, o que a organização atribuiu a "pressões" para um regresso "ao armário" na região, depois da visibilidade que as primeiras manifestações deram à causa.
"Qualquer iniciativa, tenha dez pessoas, tenha duas pessoas, tenha 20 ou 15, qualquer iniciativa que promova uma discussão aberta, desempoeirada e que permita e garanta uma evolução da nossa sociedade e de mentalidades na nossa sociedade será sempre positiva e para a qual os agentes do sistema política devem contribuir", disse o deputado Berto Messias, líder da bancada do PS, que tem maioria absoluta no parlamento açoriano.
O PS sublinhou a importância de qualquer combate à descriminação e a "qualquer tipo de perseguição".
O PSD foi a única bancada que não votou a favor do texto, optando pela abstenção.
"Os deputados do PSD respeitam, por princípio, a liberdade de os cidadãos se manifestarem sobre as suas opções de vida e orientação, mas se em cada momento formos a saudar uma manifestação, sobre o tipo de organização e sobre o tipo de orientação, o parlamento está aqui a tomar uma posição", justificou o deputado social-democrata António Ventura.
Zuraida Soares, do BE, considerou que "não é possível um cidadão de pleno direito, sobretudo com responsabilidades políticas, abster-se no combate pelos direitos humanos e um mundo onde a não descriminação seja a palavra de ordem".
"Não há abstenção para um responsável político quando a luta pelos Direitos Humanos está em causa", sublinhou.
Ainda durante esta manhã, o plenário açoriano chumbou um voto de protesto, apresentado pelo PSD, por causa do cancelamento de uma ligação de um barco de passageiros à Graciosa na semana passada.
O PSD defendeu que não havia motivos de ordem atmosférica para esse cancelamento, mas PS, BE, CDS-PP e PCP sublinharam que essa é uma decisão técnica, que cabe apenas ao comandante do navio, e votaram contra.