Autor: Lusa/AO Online
"O nosso sistema de aplicação das penas não mudou nas últimas décadas e tem insuficiências importantes", declarou na entrevista de fim de ano, adiantando que "não há ordem e é preciso pôr-lhe ordem".
"Infelizmente, em parte (o sistema) resiste à mudança e é por isso que é preciso pôr-lhe ordem, é preciso atrair novas pessoas capazes de conduzirem estas mudanças", disse ainda.
Medvedev sublinhou nomeadamente a necessidade de repensar a prática de colocar por longos períodos em prisão preventiva as pessoas perseguidas por crimes económicas.
"É preciso compreender que, no que se refere por exemplo a certos crimes económicos, ligados aos impostos nomeadamente, não é necessário atirar as pessoas para a prisão", referiu.
As declarações acontecem após ter morrido na prisão no início de Dezembro o advogado Serguei Magnitski, perseguido por fraude fiscal.
O jornal Novaia Gazeta publicou extractos do diário do jurista, que deu conta da insalubridade, o frio, a fome, a promiscuidade e a impossibilidade de conseguir cuidados adequados.
Dmitri Medvedev demitiu pouco depois cerca de duas dezenas de responsáveis do Serviço Federal de aplicação de penas, que tutela as prisões e é herdeira do tristemente célebre Gulag.
Contudo, na entrevista, o Presidente russo não fez referência às difíceis condições de detenção no país, denunciadas por muitas organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos.
O chefe de Estado prometeu também uma reforma do Ministério do Interior, numa altura em que a polícia russa está envolvida numa série de escândalos de assassínios, corrupção, maus tratos e fabricação de provas.
"São necessárias, sem dúvida, reformas bastante firmes e sérias e elas vão ocorrer", declarou Medvedev, prometendo assinar na quinta-feira um decreto para "aperfeiçoar" o Ministério, quando se pede, nomeadamente um deputado do partido Rússia Unida no poder, o seu desmantelamento.
"As queixas dos nossos cidadãos em relação ao Ministério do Interior têm-se acumulado (…) e uma grande parte delas são certamente absolutamente justificadas", reconheceu o presidente russo.