Açoriano Oriental
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Joacine exalta-se contra proposta de retirada da confiança política

A deputada única do Livre Joacine Katar Moreira reagiu este sábado, de forma exaltada, à proposta de retirada de confiança da assembleia do partido, gritando que os argumentos são “uma mentira absoluta”.

Joacine exalta-se contra proposta de retirada da confiança política

Autor: AO Online/ Lusa

“Isto é inadmissível, isto é mentira, tenham vergonha, mentira absoluta!”, disse de forma exaltada a deputada, batendo no púlpito onde subiu para reagir às considerações contidas na resolução da 42.ª Assembleia do partido.

“Como é que isso é possível? Como é que ousam fazer isto?”, reiterou, gritando, enquanto a mesa do congresso pedia calma à deputada.

"Não me peças calma, isto é uma perseguição absoluta", vincou Joacine.

E deixou um recado ao partido: "elegeram uma mulher negra que foi útil para a subvenção, tem que ser útil para nos defender".

"Como é que ousam afirmar que eu não ouvi as pessoas, que eu não fui leal ao partido, que eu desrespeitei o que foi decidido?", prosseguiu, referindo, enquanto descia do púlpito, lamentar "muito estas inverdades que a Patrícia referiu aqui".

Numa declaração com aproximadamente 10 minutos, Joacine lembrou que apresentou ao congresso documentação com o trabalho elaborado ao longo de dois meses de mandato, apelando à sua consulta e repetindo que o relatório feito pela assembleia do partido está cheio de “inverdades”.

"Isto é inadmissível, virem para aqui dizer ao país inteiro as mentiras que acabaram de referir", insistiu.

A parlamentar afirmou que “há palavras que valem mais do que outras” e acrescentou que são os membros do partido que irão votar e decidir quanto à retirada da confiança política.

“Isto é uma perseguição absoluta. Decidam! Isto é inadmissível. Eu não fiz nada de errado ainda – ainda porque sou humana”, salientou, acrescentando que considera esta situação “ilegal”.

Joacine afirmou que esteve “obcecada” pelo seu trabalho na Assembleia da República e referiu que lhe foram feitas várias sugestões por parte de membros do partido.

A deputada reiterou que não irá renunciar ao seu mandato “para que as pessoas não se sintam defraudadas” e para “não deixar órfãos” aqueles que a elegeram em outubro.

Esta foi a resposta da deputada à intervenção de Patrícia Robalo, que expôs os motivos que levaram a assembleia do Livre a propor retirar a confiança política à deputada.

Na intervenção que abriu o debate, a dirigente do Livre enumerou as críticas que aquele órgão aponta à deputada e salientou que a resolução apresentada foi "o culminar de um processo longo e ponderado".

Patrícia Robalo acusou a deputada de não ter retomado a comunicação com os órgãos do partido, e de ter demonstrado "reiteradamente não ter disponibilidade de se articular" com os órgãos do partido.

Foi também assinalado que "os deputados eleitos estão englobados pelos deveres do próprio partido, e que o respeito por estes valores são imprescindíveis para o decorrer do mandato e para a confiança política".

No final do debate, após intervenções de vários militantes, a mesma dirigente afastou que a decisão tenha tido em conta questões pessoais.

"As nossas expectativas não se resumem à entrega de poder a quem quer que seja", afirmou.

Na passada quinta-feira, a assembleia do partido Livre, órgão máximo entre congressos, decidiu propor ao congresso a retirada de confiança política na sua deputada, justificando, numa resolução, que “não se vislumbra da parte da deputada, Joacine Katar Moreira, qualquer vontade em entender a gravidade da sua postura, nem intenção de a alterar”.

Segundo o Grupo de Contacto (GC), Joacine Katar Moreira, desrespeitou os pontos específicos da 40.º resolução, na qual se apelava a um trabalho “de confiança” entre o GC e a deputada, após a incidente devido à abstenção num voto sobre a Palestina proposto pelo PCP.

A deputada descurou, “reiteradamente, a comunicação e envolvimento dos órgãos do partido”, nomeadamente nas negociações com o Governo relativamente ao OE2020, recusando-se a revelar o sentido de voto do Livre até ao momento da votação, “contra o conselho do GC”, aponta a resolução.



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