Autor: Lusa/Ao online
"Em relação a esses desabafos do senhor Presidente da República: que fique claro que o PCP nunca assinou nem assinará cheques em branco. Escusam de pressionar porque o PCP, de uma forma autónoma, com as suas propostas, com a sua opção política, naturalmente, decidirá com essa independência", defendeu Jerónimo de Sousa.
O líder comunista falava aos jornalistas em Lisboa, junto à praça do Saldanha, onde passava uma manifestação convocada pela central sindical CGTP para exigir a valorização do trabalho e dos trabalhadores e o aumento de salários.
O Presidente da República considerou hoje que haverá "bom senso" entre os partidos na Assembleia da República para não criar uma crise política, numa altura em que a União Europeia vive um momento difícil.
Relativamente ao Orçamento do Estado (OE) para 2019, o secretário-geral do PCP disse não querer "fazer juízos de valor", porque "o processo encetou-se agora", nas negociações entre os comunistas e o Governo, estando ainda numa "fase muito inicial", sem que haja uma proposta de Orçamento.
"Continuamos a assumir o compromisso que temos, que é o exame comum da proposta de Orçamento, e, naturalmente, será perante o produto acabado que agiremos em conformidade e determinaremos o nosso sentido de voto", acrescentou.
Jerónimo de Sousa considerou que a manifestação da CGTP de hoje é a expressão do que se passa em "muitas empresas e locais de trabalho, com um sentimento de grande ação reivindicativa" e também de "inquietação relativamente aquilo que o Governo pretende apresentar na Assembleia da República em matéria de legislação laboral".
Essas propostas, disse, confirmam "todo um processo histórico das últimas décadas", segundo o qual "sempre que o PS converge com o PSD, há menos direitos para quem trabalha".
"É nesse sentido que a CGTP convocou esta grande manifestação, mantendo esta ideia positiva de lutar por melhores condições de vida e salários, independentemente de levar ao questionamento de um processo de alteração das leis do trabalho em que, nalgumas matérias, contra as expectativas dos trabalhadores, consegue fazer uma coisa impensável, que é piorar aquilo que está", argumentou.
Questionado sobre o reflexo do descongelamento de carreiras, como as dos professores, na forma como decorrerão as negociações para o OE de 2019, Jerónimo de Sousa disse que "é um elemento que pesa".
"A única questão é encontrar forma de disponibilidade financeira para assumir e concretizar um compromisso que o Governo minoritário do PS assumiu na discussão do Orçamento do Estado. Não se trata de reivindicar, trata-se de concretizar um compromisso que foi assumido pelo Governo minoritário do PS", sustentou.
Sob o lema "Lutar Pelos Direitos, Valorizar Os Trabalhadores!", cerca das 15:30, os milhares de pessoas que se concentraram junto à praça do Campo Pequeno arrancaram pela avenida da República em direção ao Marquês de Pombal, onde a manifestação terminará com uma intervenção secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que deverá anunciar novas formas de luta.
Os manifestantes reivindicam o fim da precariedade, o aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional para 650 euros, entre outras matérias.