Autor: Lusa /AO Online
“Eles queriam e querem, no fundo, que o PS consiga uma maioria absoluta e, se depois perder, roda outra vez para os partidos do chamado 'bloco central'. Começa-se outra vez a ouvir falar no bloco central. Corrigidas as zangas lá na direita, do PSD e do CDS, lá sonham outra vez com o bloco central”, sustentou Jerónimo de Sousa, enquanto discursava no final de um jantar comemorativo do centenário do PCP, da célula dos trabalhadores do município de Lisboa, na Casa do Alentejo.
Visivelmente entusiasmado enquanto discursava (o secretário-geral admitiu até que tinha trazido um discurso, mas que acabou a improvisar), o dirigente comunista utilizou o Sistema de Avaliação de Desempenho da Administração Pública (SIADAP) e que é há vários anos contestado pelos trabalhadores como uma razão para não haver maiorias absolutas.
“Consideramos, até por este pequeno exemplo desta vossa dificuldade maior que é o SIADAP, em que foi com uma maioria absoluta que conseguiram impor isso. Mas se não a tivessem não tinham conseguido impor”, completou.
Reivindicando que é necessária “uma voz capaz de romper com os bloqueios que resultam de uma maioria absoluta”, já que uma maioria absoluta, como aquela que acusou o PS de querer, deixa o partido no Governo com as “mãos livres para fazer o que muito bem entendem”.
A “alternativa é outra”, completou, apelando a um reforço da CDU nas eleições de 30 de janeiro de 2022.
Jerónimo de Sousa também disse que há “alguma incompreensão nalgumas mentes” com a questão da “ameaça da direita”, uma crítica apontada pelo PS ao PCP de que o regresso da direita ao Governo poderia ser uma das consequências do 'chumbo' do Orçamento do Estado.
“Ameaça da direita? Não nos lembramos de quem é que queria entregar a chave do Governo em 2015? Foi com a iniciativa e a posição, a criatividade do PCP que levou a uma solução institucional de um Governo minoritário do PS, mas quem mandou, ainda nos lembrámos, quem saudou a vitória do PSD nas eleições foi o PS”, sustentou o secretário-geral, completando o PS “depois descobriu que o PCP era capaz de ter razão”.
A situação que o país está a viver, completou, “é fundamentalmente porque o PS não quis ir mais longe”.