Autor: Lusa/AO Online
Segundo o tenente-coronel Hélder Perdigão, "parece estar a ser estabelecida uma relação entre a acusação do MP a oito alunos do Colégio Militar" - acusados de seis crimes de maus-tratos alegadamente cometidos na instituição no ano lectivo 2006/07 e princípios de 2008 - e "um inquérito instaurado pelo ministro da Defesa e pela ministra da Educação ao Colégio Militar e ao Instituto Militar dos Pupilos do Exército" já este ano, quando os dois casos "nada têm a ver" um com o outro.
O relatório foi instaurado pelas tutelas da Defesa e da Educação "na sequência das cerimónias comemorativas do Dia do Colégio Militar, em Março deste ano" e refere-se "a alegadas agressões de que alguns alunos teriam sido alvo e que teriam levado ao seu internamento no Hospital Militar", explicou à Lusa o porta-voz, assegurando que "o Exército só teve conhecimento desse relatório ao início da noite de hoje".
Ainda segundo o tenente-coronel Hélder Perdigão, o inquérito partiu de uma sugestão do chefe de Estado-Maior do Exército, general Pinto Ramalho, "porque, na altura, estavam, de forma reiterada, a haver algumas suspeições sobre o Colégio Militar".
Por sua vez, fonte do Ministério da Defesa Nacional revelou hoje à agência Lusa que "o relatório da inspecção extraordinária conjunta ao funcionamento do Colégio Militar e do Instituto Militar dos Pupilos do Exército, realizada pelas Inspecções-Gerais da Defesa Nacional e da Educação, foi entregue a 6 de Outubro" às respectivas tutelas.
Após análise, os ministros da Defesa Nacional e da Educação homologaram o relatório e remeteram-no ao Ministério Público.
O documento foi igualmente enviado ao Exército, "para que sejam apresentadas, no mais curto espaço de tempo, medidas que dêem resposta às situações detectadas e que carecem de actuação imediata, nomeadamente na salvaguarda, a todo o momento, do bem-estar e integridade física dos jovens alunos que estão confiados à guarda do Estado", revelou a mesma fonte.
Entretanto, questionado hoje sobre a acusação do MP à margem da apresentação do livro "Justiça à Portuguesa" no Centro Cultural de Belém, Lisboa, o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, considerou tratar-se de "uma acusação bem feita, deduzida obedecendo à prioridade que o procurador-geral da República estabeleceu para os casos de violência escolar".