Açoriano Oriental
‘Imprópria’ estende-se até Santa Maria em junho

Depois de São Miguel, a ‘Imprópria’ desafia Santa Maria a refletir e debater a igualdade de género. Nos dias 11 e 12 de junho, estão programadas 10 curtas e um workshop de pornografia feminista

‘Imprópria’ estende-se até Santa Maria em junho

Autor: Carolina Moreira

A associação Silêncio Sonoro leva, pela primeira vez, a ‘Imprópria’ - Mostra de Cinema de Igualdade de Género a outra ilha dos Açores, estando programada a exibição de 10 curtas-metragens e a realização de um workshop sobre pornografia feminista na Biblioteca Municipal de Vila do Porto, em Santa Maria, nos dias 11 e 12 de junho.

Criado em 2019, o projeto já conta com duas edições em São Miguel, sendo esta programação em Santa Maria uma extensão do evento realizado no ano passado e que, devido aos constrangimentos da pandemia, não foi possível realizar na ilha amarela.

Em declarações ao Açoriano Oriental, Helena Barros explica que “o que acontece em Santa Maria é uma vontade também do município de Vila do Porto que tem estado muito atento a estas questões da igualdade de género e que tem levado a cabo algumas atividades neste sentido”, esclarecendo que “a ideia é levar esta extensão, com algumas curtas da edição do ano passado”.

“Tentámos criar um espaço de uma hora de visionamento para que, depois, possamos ter um pequeno momento de debate e de partilha, porque sentimos que há sempre uma ânsia de, no final, se partilhar e se falar sobre estes temas de direitos humanos, orientação de desejo, ‘queer’, violência de género, identidade sexual, etc.”, salienta.

A porta-voz da associação  adianta que serão realizadas duas sessões gratuitas e para maiores de 16 anos, atendendo a que, devido às restrições atuais nos espaços públicos, cada sessão tem uma lotação máxima de 24 pessoas.

“Esta semana lançámos a nossa comunicação e, logo no primeiro dia, recebemos imensas inscrições, o que só mostra que as ilhas tidas como mais pequenas são locais mais contemporâneos, menos conservadores e mais abertos a debater estes temas”, destaca.

Já o workshop de pornografia feminista tem lotação máxima para 15 pessoas, explicando Helena Barros que se trata de um evento assente em pilares como o “realismo corporal, ética no processo de produção, o prazer feminino e numa mensagem com significado”.

“É um workshop que mostra os vários tipos de pornografia, podendo nós discutir e refletir sobre as nossas escolhas enquanto consumidores. Ou seja, isto é um assunto que é tabu e o nosso objetivo é mostrar que tanto o homem como a mulher podem ter prazer nas relações sexuais, que o processo pode ser feito com dignidade para as duas partes e que o momento de prazer não termina quando é o homem a ter prazer”, ressalva, acrescentando que “tudo isto nos faz questionar as nossas próprias relações e identidade sexual”.

Questionada sobre a importância de levar, pela primeira vez, a mostra de cinema a outra ilha dos Açores, Helena Barros destaca que esta é também “uma porta aberta para que outros municípios possam olhar para esta mostra e para esta temática e serem nossos parceiros”.

“A ideia é criar uma rede, porque quantos mais formos a debater e a trazer à agenda estas questões, mais longe iremos nesta luta e menor será a desigualdade que ainda se vive a nível regional”, frisa.

Além da deslocação a Santa Maria, nos próximos dias 11 e 12 de junho, a associação Silêncio Sonoro já está a preparar a terceira edição da ‘Imprópria’, estando a sua exibição programada para o mês de outubro no âmbito das comemorações do Dia Municipal para a Igualdade de Género.


Mostra de cinema quer chegar à ilha Terceira ainda este ano

Além da programação associada à exibição de cinema sobre igualdade de género da ‘Imprópria’, o projeto conta também com um cariz interventivo na comunidade local alinhado com a Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social.

No ano passado, a equipa conseguiu realizar atividades e promover o debate sobre o tema nas quatro freguesias sinalizadas em São Miguel (Rabo de Peixe, Arrifes, Água de Pau e Fenais da Ajuda), não tendo sido possível estender a iniciativa à Terra Chã, na ilha Terceira.

Segundo Helena Barros, este ano, a associação Silêncio Sonoro pretende cumprir esse objetivo que nasceu da “necessidade de dar um salto da exibição desta temática para uma elite e fazer algo mais junto das comunidades sinalizadas” pela Direção Regional da Solidariedade Social.


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