Açoriano Oriental
Governo dos Açores quer redistribuir POSEI em função da qualidade dos produtos

O Governo Regional dos Açores vai redirecionar as verbas do programa europeu POSEI, privilegiando a qualidade em vez da quantidade, anunciou o secretário da Agricultura, dando como exemplo um reforço de verbas para a apicultura.

Governo dos Açores quer redistribuir POSEI em função da qualidade dos produtos

Autor: Lusa/AO Online

“Vai haver uma mudança de paradigma. O POSEI vai deixar de apoiar quantitativamente as produções e vai apoiar qualitativamente as produções”, afirmou, em declarações à Lusa, o secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, António Ventura, à margem de uma reunião com associações representativas de apicultores na ilha Terceira, em Angra do Heroísmo.

O Programa de Opções Específicas para o Afastamento e a Insularidade nas Regiões Ultraperiféricas (POSEI) para 2021, cujas candidaturas se iniciam hoje, vai manter-se igual, mas em 2022 deverá sofrer alterações na distribuição de apoios.

“Se calhar não faz sentido continuar a apoiar a produção de carne da maneira que existe, sem ser um apoio à qualidade das carcaças, se calhar não vale a pena continuar a apoiar a produção de leite sem rever um apoio aos conteúdos nutricionais do leite. Em vez de o POSEI apoiar quantidades, vai começar a apoiar o mérito e a excelência dos produtos”, avançou o governante.

Reunido com os representantes dos apicultores da ilha Terceira, António Ventura comprometeu-se a “dar um impulso na produção, na transformação e na comercialização do mel nos Açores”.

“Temos 455 apicultores na região, o mel dos Açores está todo vendido e precisamos de incentivar esta mesma produção”, frisou.

Segundo António Ventura, a procura é superior à produção e, por isso, o executivo açoriano vai alterar o regime jurídico da apicultura, rever o plano estratégico apícola e criar incentivos à produção de mel, reforçando os apoios concedidos ao abrigo do POSEI e criando um “contrato multifuncional com os apicultores”.

“A apicultura tem uma função muito importante, que vai para além da económica e da ambiental. É uma atividade de saúde humana e é uma atividade de produção de alimentos”, salientou, acrescentando que “as abelhas são responsáveis pela polinização de mais de 30% da produção de alimentos a nível mundial”.

O secretário regional da Agricultura anunciou ainda um reforço da plantação de melíferas em espaços públicos, o aumento da formação de técnicos e apicultores, a criação de um plano de sanidade apícola, a criação de ações de sensibilização junto das escolas e da população em geral e a identificação de locais propícios para a construção de apiários.

“Temos aqui, no âmbito da diversificação agrícola, uma boa saída para a criação de emprego e para a fixação de pessoas em todas as ilhas”, sublinhou.

Só na ilha Terceira, existem três cooperativas a produzir mel e todas apontam para um crescimento do setor.

“É importante o apoio para incentivar que haja mais apicultores e mais produção de mel. Temos a nossa produção toda vendida. Até temos rutura de stocks em alguns momentos durante o ano”, salientou José António Azevedo, da Cooperativa Agrícola da Ilha Terceira.

O reforço de apoios do POSEI é necessário “em todas as áreas”, frisou, mas os Açores têm de ser “mais autónomos” no que produzem.

“Não podemos descurar pequenas produções como a apicultura ou como as hortícolas. Temos de ter noção de que tudo é um bem necessário para a nossa região”, apontou.

Segundo Paulo Rocha, da cooperativa Fruter, a produção de mel exige “alguma paciência”, por isso, necessita de incentivos, mas o mel dos Açores é “muito saboroso” e a região continua “protegida” de pragas como a vespa asiática.

“Há muita escassez de mel. Nós, neste momento, já estamos com rutura de stocks e, quanto mais mel a cooperativa tem, mais mel tem para vender. E estamos a falar só do mercado local praticamente. Com a qualidade que o nosso mel tem, temos hipótese de crescer”, reforçou.

A cooperativa Bioazórica lançou em 2020 um mel biológico, que ainda está a ganhar espaço no mercado, mas apesar de dar os primeiros passos também já pensa no aumento da produção.

“Temos seis produtores de mel, apenas três aderiram a esta marca de mel biológico Bioazórica. A ideia é aumentar a produção, crescer e melhorar a qualidade”, afirmou Miguel Garcia.


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