Açoriano Oriental
Covid-19
Empresários de Angra do Heroísmo compreensivos com modelo alternativo das Sanjoaninas

O presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), nos Açores, admitiu que a realização das festas Sanjoaninas de forma condicionada devido à Covid-19 tem impactos económicos avultados, mas sublinhou que os empresários compreenderam a decisão.

Empresários de Angra do Heroísmo compreensivos com modelo alternativo das Sanjoaninas

Autor: Lusa/AO Online

“É óbvio que traz impacto na economia da ilha, mas eu gostaria de realçar, acima de tudo, o enorme sentido de responsabilidade e de compreensão que temos visto por parte dos nossos empresários. Entendem perfeitamente o modelo que está a ser implementado”, avançou, em declarações à Lusa, o presidente da CCAH, Marcos Couto.

Depois de um ano em que as festas foram canceladas devido à pandemia de Covid-19, o município de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, decidiu voltar a organizar as Sanjoaninas em 2021, de 18 a 27 de junho, mas num formato diferente, com entradas limitadas em eventos e sem animação de rua.

Segundo Marcos Couto, a associação empresarial deu o seu contributo para um modelo “intermédio”, que já permite “algum nível de abertura”, sem “colocar em causa a saúde pública”.

“É o modelo possível, de forma a garantir que se mantenham níveis de saúde pública, que não coloquem em risco, mais tarde, a própria atividade económica de uma forma mais dramática”, disse.

As festas que celebram o São João em Angra do Heroísmo são consideradas das maiores festas profanas dos Açores, e durante 10 dias a cidade costumava encher-se de cortejos, marchas populares, música, gastronomia, tauromaquia, desporto e exposições, entre outras atividades.

O impacto económico é difícil de quantificar, mas as Sanjoaninas são habitualmente um dos períodos do ano que atrai mais turistas e emigrantes à ilha, esgotando a capacidade da hotelaria.

O centro histórico da cidade enchia-se também de pequenas tascas que, juntamente com os restaurantes já existentes, serviam milhares de refeições todos os dias.

“É claro que percebíamos perfeitamente o impacto que tinha, não só o direto ao nível da restauração, como de atividades paralelas, porque víamos muita gente que montava pequenos negócios e pequenas atividades que permitam que se ganhasse algum dinheiro durante este tempo”, salientou Marcos Couto.

Abel Gorgita, proprietário de um restaurante em plena Rua de São João, reconheceu que as quebras serão acentuadas e lembrou que as Sanjoaninas eram “uma lufada de ar fresco para os meses mais fracos”.

“É uma coisa lindíssima na nossa ilha. Chegam pessoas de todo o mundo e os nossos emigrantes e a ilha toda está em festa, é uma alegria constante. A nível económico, é claro que tem um impacto financeiro muito grande”, adiantou.

O empresário acredita que numa ilha “sem transmissão comunitária” do SARS-CoV-2 que provoca a doença covid-19, com casos “controlados”, seria possível “abrir um bocadinho as restrições” neste período de festas, mas aceita que sejam impostas, se for para garantir um regresso à normalidade já em “agosto ou setembro”.

“O modelo alternativo é sempre necessário no sentido de não fazer esquecer as Sanjoaninas, agora a nível económico não tem comparação nenhuma”, referiu.

Para a costureira Maria de Fátima de Leal, as festas, mesmo que limitadas, foram uma “almofada”, num ano em que registou uma redução de serviços de “80% ou mais”.

Há mais de 20 anos que confeciona indumentárias para os desfiles das Sanjoaninas e de outras festas da ilha, mas a pandemia levou ao cancelamento de todas as festividades.

“As costureiras da ilha vivem mais é das festas: das marchas, do Carnaval e dos cortejos em si. Ficámos reduzidos ao básico, às bainhas e aos cortinados, muito pouco ou nada”, revelou.

Maria de Fátima é uma das várias costureiras responsáveis pelo cortejo de abertura das Sanjoaninas de 2021, para o qual trabalhou durante cerca de um mês, mas que este ano só poderá ver através da internet ou da televisão.

“Mesmo sendo em suporte digital foi muito bom. Não sei o impacto que vai ter. Estou ansiosa para ver, mas é muito bom, principalmente para o nosso ramo, que estava triste, pela questão monetária e sem saber o que era o nosso futuro”, afirmou.


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