Açoriano Oriental
Empresa cria geotêxtil de proteção de taludes com materiais dos Açores

Geotêxtil biocompósito que incorpora criptoméria dos Açores e sementes de plantas endémicas foi desenvolvido pela empresa Açorgeo no âmbito do projeto “Slope Stabilization and Revegetation”


Autor: Rui Jorge Cabral

Um geotêxtil biocompósito para proteção de taludes contra a erosão e que incorpora materiais como a criptoméria dos Açores e sementes de plantas endémicas, foi desenvolvido pela empresa regional Açorgeo, no âmbito do projeto “Slope Stabilization and Revegetation” (Estabilização e Revegetação de Taludes).

A Açorgeo foi criada em 2007, por iniciativa do seu sócio maioritário, o professor universitário António Trota e um dos seus primeiros trabalhos foi o processo de construção das SCUT em São Miguel, com estudos na área da geologia e geotecnia.

O projeto “Slope Stabilization and Revegetation” foi cofinanciado pelo Açores 2020, através da Direção Regional da Ciência e Tecnologia e teve como um dos parceiros a Fibrenamics Açores, uma empresa com sede na Universidade do Minho que se dedica ao estudo e aplicação de fibras naturais em materiais de diversos tipos, sendo a Universidade dos Açores o outro parceiro.

Com este projeto, pretendeu-se desenvolver um geotêxtil biocompósito reforçado com materiais fibrosos de origem natural e característicos dos Açores, como foi o caso da criptoméria, ao mesmo tempo que incorpora sementes de espécies vegetais endémicas, destinadas à estabilização e revegetação de taludes.

O grande objetivo deste projeto foi o de criar um produto inovador, eficaz e ambientalmente mais sustentável, utilizando recursos regionais que permitissem contribuir para a redução das importações.

O geotêxtil biocompósito foi recentemente apresentado no Nonagon, na cidade da Lagoa, durante um ‘Open Day’ que teve como objetivo a divulgação do protótipo. Presentes no ‘Open Day’ estiveram responsáveis governamentais e autárquicos, bem como de empresas ligadas ao setor da construção civil e obras públicas.

Conforme explica em declarações ao Açoriano Oriental Fernando Sousa, um dos sócios da Açorgeo, com este geotêxtil pretende-se “melhorar a resistência à erosão dos taludes, protegendo-os sobretudo da chuva e dos ventos enquanto não criam vegetação, incorporando ao mesmo tempo sementes de plantas endémicas, por forma a que, quando ficarem revestidos de vegetação, esta vegetação seja endémica” e, portanto, mais integrada na paisagem açoriana.

Este projeto de investigação, desenvolvimento e inovação empresarial desenvolveu-se já em plena pandemia de Covid-19, com início em abril de 2020, mas isso não o impediu de ter o protótipo concluído agora, dois anos e meio depois.

Este novo geotêxtil, que se estima poder estar a ser produzido nos Açores na sua versão final e introduzido no mercado dentro de um ano, destina-se sobretudo à aplicação em obras públicas, regionais e municipais, mas também poderá ser útil, numa escala mais reduzida, na estabilização de declives em obras privadas.

É ainda intenção da Açorgeo que este novo geotêxtil possa vir a ser comercializado noutros mercados, nomeadamente em obras no continente português, mercado onde a empresa já tem realizado trabalhos desde 2010, embora o biocompósito tenha de passar ainda por algumas adaptações, nomeadamente quanto ao tipo de vegetação que já traz incorporada e que deverá ser de fácil adaptação ao território continental, cujo clima é muito diferente dos Açores.

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