Açoriano Oriental
Discurso de Trump após invasão do Capitólio tinha palavras duras que nunca foram ditas

O discurso de Donald Trump, preparado para o dia a seguir à invasão do Capitólio, incluía declarações duras contra os manifestantes e pedia a atuação do Departamento de Justiça, mas essas linhas foram riscadas.

Discurso de Trump após invasão do Capitólio tinha palavras duras que nunca foram ditas

Autor: Lusa/AO Online

Membros do painel da Câmara dos Representantes que investiga a invasão do Capitólio dos Estados Unidos divulgaram elementos sobre o momento em que os assessores de Trump discutiam o discurso para 07 de janeiro de 2021, um dia após o ataque.

Elaine Luria, congressista da Virgínia e membro da comissão de investigação, divulgou um vídeo na rede social Twitter com os assessores do republicano e ainda uma captura de ecrã do discurso, com notas e linhas apagadas.

O texto original de Trump incluía palavras duras onde ordenava que o Departamento de Justiça “garantisse que todos os infratores fossem processados em toda a extensão da lei” e afirmava que os manifestantes não o “representavam”.

Durante o vídeo, a filha de Trump, Ivanka Trump, confirma ao painel que o documento “parece uma cópia de um rascunho das observações daquele dia” e que a letra “parece a caligrafia” do seu pai.

Quando o painel de investigação perguntou ao assessor da Casa Branca Jared Kushner, marido de Ivanka, a razão por que Trump riscou linhas específicas do discurso, este respondeu duas vezes “não sei”.

A comissão de investigação divulgou o vídeo de 03:40 minutos como acompanhamento da sua audiência final de verão, na semana passada, na qual os investigadores mostraram trechos da gravação do discurso de Trump.

Nas imagens não editadas, Trump surge frustrado e a discutir a redação do discurso com a sua equipa, incluindo Ivanka.

A certa altura, Trump, irritado e a bater com o punho, atira: “Não quero dizer que a eleição acabou”.

O painel da Câmara dos Representantes está a libertar o material adicional, num esforço para apresentar ainda mais evidências após as oito audiências que apresentaram conclusões de mais de 1.000 entrevistas da investigação de um ano.

Membros do comité referiram que a investigação continua e que irão realizar mais audiências no outono.

Os congressistas pretendem transmitir uma mensagem consistente sobre Trump e as ações deste, durante e depois da invasão ao Capitólio, como as mentiras repetidas sobre fraude eleitoral generalizada, mesmo contra os conselhos dos assessores mais próximos.

Pretendem também demonstrar que o ex-presidente provocou as ações violentas protagonizadas pelos seus apoiantes e que, quando estes invadiram o Capitólio, não fez nada para detê-los.

Na sua publicação de segunda-feira, Elaine Luria realçou que Trump demorou “mais de 24 horas” para voltar a dirigir-se à nação após o vídeo em 06 de janeiro no Rose Garden, onde “se dirigiu carinhosamente aos apoiantes a pedir que regressassem para casa”.

“Havia mais coisas que ele não estava disposto a dizer”, atirou.

O discurso de 07 de janeiro foi visto pelos assessores de Trump como um esforço para compensar a sua inação do dia anterior.

Não está claro quem escreveu o texto original no documento.

Mas na linha original, na frase “estou indignado e enojado pela violência, ilegalidade e caos” a palavra “enjoado” foi riscada, assim como as últimas linhas: “Quero deixar bem claro que vocês não me representam. Não representam o nosso movimento”.

No entanto, Trump discursou: "Vocês não representam o nosso país" e a linha “vocês pertencem à prisão” foi substituída por “vocês vão pagar”.

Estas linhas também foram eliminadas: “Estou a instruir o Departamento de Justiça para garantir que todos os infratores sejam processados em toda a extensão da lei. Devemos enviar uma mensagem clara – não com misericórdia, mas com Justiça. As consequências legais devem ser rápidas e firmes”.


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