Açoriano Oriental
Conservatório de Ponta Delgada mostra talento de jovens artistas
Realiza-se hoje no Teatro Micaelense o concerto de natal do Conservatório Regional de Ponta Delgada. Como é tradição, os alunos desta escola de música apresentam o trabalho realizado no primeiro trimestre deste ano lectivo.
Conservatório de Ponta Delgada mostra talento de jovens artistas

Autor: Carmo Rodeia
Quando o pano subir, o palco do Teatro Micaelense será pequeno para acolher tanto talento junto por metro quadrado.
Cerca de 300 jovens artistas, com idades compreendidas entre os sete e os 18 anos, vão interpretar músicas de natal, mostrando à comunidade de Ponta Delgada, o resultado do trabalho que vêm desenvolvendo este ano lectivo.
Organizados em dois coros, três orquestras de cordas, duas orquestras de sopros e um grupo de jazz, este ano, a apresentação conta com uma estreia absoluta: o “grupo seis mais dois”. São alunos mais avançados que decidiram, autonomamente, criar um grupo, e prometem muita improvisação com os seus instrumentos de sopro, violoncelo e piano.
Muitas horas de ensaio, persistência e algum nervosismo.
 O espectáculo “é de grande responsabilidade”, porque actuar no Teatro “é completamente diferente”, asseguram Micaela Sousa e Catarina Raposo, duas violinistas que este ano já fizeram uma opção de vida. Estão ambas no 10º ano de escolaridade e levam seis anos de conservatório. Estão no denominado ensino articulado, isto é, frequentam quatro disciplinas na Secundária Antero de Quental (Português, Inglês, Filosofia e Educação Física) e têm as restantes matérias no Conservatório de Ponta Delgada.
“Foi uma opção de vida”, diz Micaela, filha de músicos.
O sonho está bem claro: ser violinista numa grande orquestra sinfónica, “a de Londres, de Paris ou de Moscovo”. Toca violino há 10 anos. O palco e a música fazem parte da vida, por isso não encara como sacrifício ensaiar oito horas por dia. Abdica de muitas coisas,  porque tem “outras prioridades”. Quer ser violinista profissional e conta com o apoio da família. Mas, nem sempre é assim.
“Os alunos do complementar por vezes ficam sobrecarregados porque além de terem todas as matérias do ensino regular ainda têm as 8  disciplinas do conservatório”, refere Ana Paula Andrade, directora da escola.
“É preciso ter muita força de vontade para levar isto por diante”, adianta Shelley Ross, professora de violino.
“Fazer uma opção tão cedo é difícil, sobretudo nos Açores, onde não é fácil desenvolver uma carreira artística”, acrescenta, reconhecendo que muitos pais preferem que os filhos prossigam os estudos, acumulando com o conservatório.
Mas se não limita tanto as saídas profissionais, esta indefinição na escolha pode comprometer uma carreira musical, porque “se tem de começar desde muito cedo”, admite Amélia Fonseca, da Associação de Pais do Conservatório. Aliás, por isso, é que “faria sentido haver uma escola de ensino artístico”, pensada e feita de raiz, com um leque mais vasto de opções artísticas, mas “conservando o modelo de ensino do conservatório”, conclui.
A ideia não é nova; a sua concretização está prevista há 10 anos, mas nunca foi posta em prática. Actualmente existem 3 escolas de ensino artístico, envolvendo 89 docentes e mais de 1100 alunos.
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