Açoriano Oriental
China prende ativistas de direitos humanos em todo o país
As autoridades chinesas detiveram mais de uma dezena de ativistas em todo o país e interrogaram mais de 60 pessoas que expressaram apoio às manifestações pró-democracia que decorrem em Hong Kong, anunciaram organizações de defesa dos direitos humanos.
China prende ativistas de direitos humanos em todo o país

Autor: Lusa/AO online

 

Fontes ligadas a ativistas chineses citadas hoje pela agência France Presse indicam que as detenções no continente chinês acontecem em simultâneo com tentativas das autoridades de Pequim para controlar notícias sobre as manifestações na Região Administrativa Especial de Hong Kong.

As manifestações na Região Administrativa Especial chinesa intensificaram-se com um número crescente de pessoas nas ruas, quando se cumprem dois dias de feriado para comemorar os 65 anos da proclamação da República Popular da China pelo Partido Comunista em 1949.

O presidente chinês, Xi Jinping, tem mantido o silêncio sobre as manifestações na antiga colónia britânica, que exigem o sufrágio universal para a eleição do próximo chefe do executivo local, em 2017.

“Nunca nos devemos separar das pessoas”, disse Xi Jinping num discurso comemorativo do dia 01 de outubro de 1949, não sendo claro se o chefe de Estado chinês se referia diretamente à atual situação em Hong Kong.

De acordo com a plataforma de advogados China Human Rights Defenders (CHRD), vários cidadãos chineses enfrentam “represálias” desde domingo, o dia em que a polícia de Hong Kong tentou neutralizar as manifestações com recurso a gás lacrimogéneo e gás de pimenta.

O grupo de defesa dos direitos humanos disse à AFP que pelo menos “12 pessoas foram detidas na China” e muitas outras foram ameaçadas nos últimos dias, em todo o país.

A Amnistia Internacional afirma ter informações que referem pelo menos 20 detenções e interrogatórios a mais de 60 pessoas.

“O cerco aos ativistas na China sublinha os receios dos manifestantes de Hong Kong sobre o aumento do controlo de Pequim nos assuntos internos do território”, disse William Nee da Amnistia Internacional, em comunicado.

A Amnistia Internacional apelou para a libertação imediata de todos os que foram detidos por terem expressado apoio aos manifestantes de Hong Kong.

Segundo o CHRD, entre os ativistas detidos encontra-se Wang Long, que foi preso pela polícia em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, depois de ter difundo uma mensagem através da internet sobre os protestos na antiga colónia britânica.

Wang, 25 anos, ficou conhecido dos ativistas no estrangeiro depois de ter manifestado, em agosto, a decisão de processar o operador local de internet que lhe negou acesso ao motor de busca norte-americano, Google.

Uma outra ativista, Shen Yangui, de Xangai, publicou na internet auto retratos com a cabeça rapada em sinal de apoio e solidariedade para com os manifestantes de Hong Kong.

Informações difundidas pela mesma organização dão conta de que 20 pessoas foram interrogadas pela polícia em Cantão (sul) depois de terem organizado uma concentração de apoio às manifestações de Hong Kong.

Pelo menos dois ativistas, Huang Minpeng e Liu Hui, foram presos tendo-lhes sido negada alimentação durante o período da detenção.

Em Chongqing, no sudoeste da China e em Jiangxi, no centro do país, também se registaram detenções.

Entretanto, o jornal 'People Daily', órgão oficial do regime, assinalando na edição de hoje o Dia Nacional da China considera que as manifestações são “ilegais” e que provocam “sérias perturbações sociais” em Hong Kong.

Os manifestantes “devem enfrentar responsabilidades judiciais” pelas ações que estão a cometer, escreve o jornal.

As autoridades chinesas têm intensificado as campanhas contra os dissidentes desde a subida ao poder de Xi Jinping, há dois anos.

Dezenas de ativistas, jornalistas e académicos têm sido detidos para interrogatórios ou mantidos como prisioneiros desde que o novo chefe de Estado chinês tomou posse.

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