Autor: Lusa/AO Online
"A CGTP conta ter uma grande jornada de luta no sábado, mas a luta não vai terminar, anunciaremos, na altura, outras ações que se justificam neste momento de ataque aos trabalhadores e aos pensionistas", disse à agência Lusa o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.
A CGTP marcou para sábado uma jornada nacional de luta contra a exploração e o empobrecimento que inclui manifestações no Porto e em Lisboa.
O protesto no Porto integra a travessia a pé da ponte do Infante e em Lisboa previa a travessia da ponte 25 de Abril.
Dado que o Governo não autorizou a travessia a pé da ponte 25 de Abril, alegando questões de segurança, a central sindical optou por uma concentração em Alcântara, que deverá contar com a participação de "milhares de pessoas.
Muitas destas pessoas vão deslocar-se para a capital em autocarros, que vão atravessar a Ponte 25 de Abril com protestos sonoros.
“Está prevista a chegada a Lisboa de centenas de autocarros e muitas pessoas já manifestaram intenção de participar no protesto, seguindo nos seus próprios carros, para depois integrarem a concentração”, disse Arménio Carlos.
Para o sindicalista a decisão assumida pelo Governo "foi uma decisão política", mas não prejudicou a participação na manifestação.
"Do que sabemos, tem vindo a aumentar o número de pessoas que pretendem participar e, por isso, acreditamos que vamos ter um dia muito bonito, de confiança, determinação e de afirmação do que pretendemos para o país", disse.
Arménio Carlos reconheceu que o cancelamento da marcha na ponte 25 de Abril causou frustração nalgumas pessoas, mas estas acabaram por entender a decisão da CGTP.
"Decidimos que fazê-lo [atravessar a ponte a pé] era dar pretexto ao Governo para desviar a atenção do Orçamento do Estado, que é um brutal ataque a todos os trabalhadores e pensionistas", disse o sindicalista.
Arménio Carlos considera que a jornada de luta, no Porto e em Lisboa, "vai ser um momento alto" para a central apresentar as suas propostas, como alternativa à política de austeridade seguida pelo Governo.
"Vamos ter com certeza duas grandes manifestações em que os trabalhadores e pensionistas vão mostrar que não ficam de braços cruzados e acreditam que o país tem futuro", acrescentou.
O líder da Intersindical entende que as medidas de austeridade inscritas na proposta de Orçamento do Estado para 2014 aumentam a indignação dos portugueses e acabam por ter um efeito mobilizador para o protesto.
A proposta de Orçamento do Estado entregue na terça-feira no parlamento pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, prevê que seja “aplicada uma redução remuneratória progressiva entre 2,5% e 12%, com caráter transitório, às remunerações mensais superiores a 600 euros de todos os trabalhadores das administrações públicas e do setor empresarial do Estado, sem qualquer exceção, bem como dos titulares de cargos políticos e outros altos cargos públicos”.
O subsídio de Natal dos funcionários públicos e dos aposentados, reformados e pensionistas vai ser pago em duodécimos no próximo ano, segundo a proposta, que mantém a aplicação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) sobre as pensões.
No documento, o Governo refere que o défice orçamental deste ano vai resvalar para os 5,9% do PIB, superando os 5,5% definidos para 2013 entre o Governo e a 'troika' e confirma as previsões macroeconómicas, apontando para um crescimento económico de 0,8% e uma taxa de desemprego de 17,7% em 2014.