Autor: Nuno Martins Neves
O mundo precisa de “lavadores de pés e de bandeiras e aventais brancos”
que levem uma mensagem de paz e esperança aos locais onde são mais
precisos, desde os hospitais, cadeias e campos de refugiados, até à
Ucrânia e Palestina, onde a guerra não dá tréguas.
“Se, neste dia de Quinta-Feira Santa, Jesus
quisesse colocar um anúncio nas nossas casas de família, nos hospitais,
cadeias, recolhimentos, casas de acolhimento, centros sociais,
misericórdias, campos de refugiados, lugares de guerras, penso que
colocaria: ‘Precisam-se amigos e lavadores de pés’”, afirmou, de acordo
com o Sítio Igreja Açores.
Para D. Armando Esteves Domingues, não se
trata de um sinal de rendição ao inimigo, mas sim de redobrar os
esforços para cuidar das vidas de “irmãos com os pés sujos de pó e das
feridas, cansados da tortura dos caminhos”, mostrando a “força
arrasadora do amor autêntico e límpido que nunca desarma”.
Segundo o
texto publicado no Sítio Igreja Açores, o Bispo de Angra não se esqueceu
dos cenários de guerra atuais:“O novo mundo começa aqui, resistindo à
violência. Penso nos nossos irmãos e irmãs em Kiev, em Kharkiv, em Lviv,
na Terra Santa, em Gaza, etc. Quantos ali continuam a ajudar, a
socorrer os mais fracos, encontrando, mesmo nestas horas tão difíceis,
neste amor que lava-pés, a força interior e a vitória sobre os medos”.
Partindo
do Evangelho de João, que convida os cristãos a entrar na última Ceia,
antes da prisão de Jesus, D. Armando Esteves Domingues explicou o
sentido de casa: “Na casa de família, se não for mera residência, tudo é
de todos, há ajuda recíproca, complementaridade e os gestos são
medidos, têm significado e consequências”.
“Penso naqueles que se
esforçaram durante a Quaresma por dizer ‘confesso a Deus e a vós irmãos’
como sugeria na Mensagem para a Quaresma, e que saberão, melhor do que
antes, que precisam de perdão; aqueles que partilham a dor do mundo,
todos nós, que estamos perturbados com o conflito na Ucrânia e na Terra
Santa e todas as feridas infligidas aos inocentes; aqueles que gostariam
de ter um futuro melhor para os seus filhos, veem ainda muita, muita
escuridão à sua volta; os frágeis que procuram um abraço de misericórdia
e de esperança e ficam à espera”.
“Os atos, mais do que discursos e
declarações, o modo de fazer e de se comportar mais do que a abstração
das ideias: é isto que os cristãos transmitem de geração em geração”,
concluiu.