Autor: Lusa/AO Online
"Acho que é contraproducente", frisou o presidente norte-americano cessante, a partir de um quartel de bombeiros na luxuosa ilha de Nantucket, na costa nordeste do país.
Estes países vizinhos são "aliados", lembrou, e "a última coisa a fazer é começar a estragar estas relações".
O democrata, que respondia a perguntas dos jornalistas, manifestou esperança de que o presidente eleito Donald Trump reconsidere o projeto de impor um aumento de 25% nos direitos aduaneiros sobre os produtos provenientes destes dois países quando tomar posse na Casa Branca, no final de janeiro.
Trump causou surpresa na segunda-feira ao confirmar o seu desejo de aumentar drasticamente as tarifas alfandegárias sobre os produtos provenientes do México e do Canadá.
Este ataque a dois países vizinhos, com os quais o próprio assinou um acordo de comércio livre durante o seu mandato anterior, levanta receios de uma vasta guerra comercial capaz de prejudicar o crescimento global.
Durante a sua campanha, o magnata republicano fez dos direitos aduaneiros a espinha dorsal da sua política económica, prometendo visar todos os produtos estrangeiros que entrassem nos Estados Unidos.
Trump pretende, em particular, utilizar esta arma como instrumento de negociação diplomática e prometeu manter a sobretaxa "até que as drogas, especialmente o fentanil, e todos os imigrantes ilegais travem a invasão" dos Estados Unidos.
Esta política terá resultados que ainda são incertos. Na quarta-feira, Trump falou com a Presidente mexicana Claudia Sheinbaum, mas o seu telefonema levou a interpretações divergentes.
O norte-americano garantiu que a sua homóloga aceitou "travar a imigração ilegal" para os Estados Unidos. Mas Sheinbaum contrariou-o, lembrando que a posição do México "é não fechar as fronteiras".
O governo mexicano já ameaçou responder ao aumento das tarifas dos EUA com medidas de retaliação semelhantes. Mas a Presidente adotou um tom tranquilizador na quinta-feira.
"Não haverá uma potencial guerra de tarifas", garantiu, acrescentando que pretende construir um diálogo construtivo com a futura administração Trump.
Trump planeia também aumentar os direitos aduaneiros em 10% sobre os produtos provenientes da China, onde são fabricados os precursores químicos necessários para a produção de fentanil, um opiáceo mortal que mata milhares de pessoas todos os anos nos Estados Unidos.
Esta decisão "não vai resolver" os problemas dos norte-americanos, sublinhou hoje Pequim.
Questionado sobre o estado das relações entre os Estados Unidos e a China, Biden recordou ainda que "estabeleceu uma linha direta entre o Presidente Xi (Jinping), bem como entre os militares" dos dois países.
"Uma coisa de que tenho a certeza sobre o Xi é que ele não quer cometer erros. Não estou a dizer que ele é o nosso melhor amigo, mas ele percebe o que está em jogo", frisou o presidente cessante.