Segundo uma notícia desta quinta-feira do Diário Económico, os presidentes de Câmara de Santarém, Évora, Faro, Castelo Branco, Coimbra e Ponta Delgada não entregaram as declarações, uma situação que envolve também 39 vereadores das principais autarquias do país.
Nos Açores, a presidente da Câmara de Ponta Delgada, Berta Cabral, assegurou que enviou este mês para o TC quatro declarações de rendimentos, rejeitando assim que esteja em situação de incumprimento legal.
Em comunicado, a autarca social-democrata da maior cidade açoriana adiantou que o seu processo está "perfeitamente actualizado", tendo as respectivas declarações de rendimento sido enviadas ao Tribunal Constitucional "dentro dos prazos previstos na lei".
O autarca de Coimbra, Carlos Encarnação, disse hoje à Lusa que recebeu a garantia do TC de que não corre o risco de perder o mandato por não ter entregue uma declaração de rendimentos.
Em declarações à Lusa, o social-democrata explicou que não foi notificado sobre a declaração em falta (2006) que não foi entregue "por lapso” mas "já amanhã estará no TC" o documento em causa.
"Perda de mandato nem pensar, só há problema de perda de mandato se, notificado, o cidadão não responder dentro do prazo", sustentou o autarca, garantindo não ter recebido qualquer notificação.
A política do Tribunal Constitucional - disse Carlos Encarnação - tem sido a de "nunca notificar" os faltosos sobre as declarações anuais quanto à actualização dos rendimentos apresentados aquando da entrada em funções.
Mais a sul, o presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores, revelou que regularizará ainda esta quinta-feira a situação em causa, desvalorizando o risco de perda de mandato.
"Vou regularizar hoje a situação com um ofício, não será propriamente com a declaração, apenas direi que a situação se mantém inalterável", disse à Agência Lusa Moita Flores (PSD), frisando que o documento sobre os seus proveitos e posses, referente a 2006, "permanece actual".
"Todas as alterações de património e rendimento têm de ser comunicadas ao TC, o que não é o meu caso, porque não houve mudança nenhuma", afirmou o autarca.
No Alentejo, o presidente do município de Évora, o socialista José Ernesto Oliveira, mostrou a sua "total surpresa", garantindo que estava "convencido" de estar dentro da legalidade.
"Foi opinião de fundo de pessoas responsáveis do TC que esta declaração não fazia grande sentido, a não ser que houvessem as tais alterações significativas, porque nem eles tinham pessoal que fosse estar a verificar", explicou o autarca, que promete esclarecer a situação.
"Estava convencido, segundo informações do TC, que estava dentro da lei e da ordem. Como não gosto, de maneira nenhuma, de não estar no pleno exercício legal das minhas funções, obrigações e competências, irei fazer chegar hoje essa declaração ao TC", disse.
Em Faro, José Apolinário alegou que "não tinha consciência da obrigatoriedade de entregar a declaração de rendimentos todos os anos" junto do TC.
"E nem fui notificado da situação [irregular]. Pensava que era no início e no final do mandato", afirmou.
"Segunda-feira vou a Lisboa ao Tribunal Constitucional para regularizar a situação", afiançou José Apolinário, negando ter agido de má fé, até porque recentemente vieram a público os seus rendimentos pela imprensa nacional.
Política
Autarcas sem receio de perder mandato
Cinco dos seis presidentes de Câmara que não entregaram declarações de rendimentos no Tribunal Constitucional (TC) mostraram-se esta quinta-feira confiantes de que isso não coloque em causa o mandato autárquico e comprometeram-se a resolver o problema pendente.
Autor: Lusa/AOonline
