Autor: Lusa/AO Online
Iniciado em 2018, o projeto de cooperação entre Açores e Cabo Verde, denominado “Semear, Colher e Vender”, teve um ligeiro atraso por causa da pandemia da Covid-19, mas já começou a dar frutos, conforme foi avançado num ‘workshop’, realizado na cidade da Praia.
Com financiamento de fundos da União Europeia em 100 milhões de escudos (906 mil euros), tem como objetivo o fortalecimento das relações dos Açores com Cabo Verde, do ponto de vista institucional, comercial, cultural e social, combate à pobreza e exclusão social nos dois territórios.
Pretende ainda combater e mitigar os efeitos das alterações climáticas e ambientais, promoção dos Açores enquanto destino turístico, mas também um meio de chegar a todos os países africanos com ligações a Cabo Verde.
O presidente da Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural (ASDEPR) dos Açores, Carlos Ávila, destacou a importância do projeto para os dois arquipélagos, indicando que vai formar mais de 170 agricultores, fruticultores e floricultores cabo-verdianos.
Para o mesmo responsável, o projeto “Semear, Colher e Vender” vai aumentar o intercâmbio empresarial e económico entre os Açores e Cabo Verde.
Em Cabo Verde, o parceiro é a Associação Comercial, Agrícola, Industrial e de Serviços de Santiago (ACAISA), cujo presidente, Felisberto Veiga, indicou que já foi instalado um campo experimental em Santa Catarina de Santiago, numa área de quatro hectares (40 mil metros quadrados), com uma estufa com rega gota a gota.
Também foi feita uma perfuração a 200 metros de profundidade, com capacidade diária de extrair 80 toneladas de água, e o grande objetivo, disse o mesmo responsável, é desenvolver o mundo rural e ter um campo experimental em cada município do país.
Presente também na abertura do ‘workshop’, a diretora regional do Desenvolvimento Rural dos Açores, Emiliana Silva, sublinhou as muitas semelhanças entre os dois arquipélagos, entendendo que o projeto poderá facilitar a mobilidade de empresários, as trocas comerciais e promover parcerias.
Por seu lado, o embaixador de Portugal em Cabo Verde, António Albuquerque Moniz, também enalteceu a “grande relevância” do projeto, considerando que poderá ser “muito bem aproveitado” pelo país africano.
Realçando a relação económica com Cabo Verde, o diplomata indicou que Portugal é o principal exportador e investidor em Cabo Verde, em que mais de 2.500 empresas exportam para o arquipélago, mas manifestou a vontade de ver mais dos Açores a fazer o mesmo.
O secretário de Estado da Economia Agrária, Miguel da Moura, disse também que se trata de um projeto “muito relevante”, incidindo sobretudo para uma agricultura voltada para o rendimento, geração de bens, empregos dignos e bem remunerados e “criar condições para melhorar a participação da economia agrária na formação da riqueza”.
O objetivo é a “aposta numa gestão criteriosa da água e também na produção de produtos agrícolas de alto valor económico”, apontou Miguel da Moura, para quem a iniciativa vai reforçar a capacidade técnica dos agricultores de Santiago, mas quer também que chegue a outras ilhas de Cabo Verde.