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Benfica/Eleições
"Rui Costa vai ter de responder se foi cúmplice, conivente"

O candidato à presidência do Benfica Francisco Benitez defende que Rui Costa representa a “continuidade” da presidência de Luís Filipe Vieira e que o antigo jogador deve esclarecer a ligação aos casos judiciais que envolvem o ex-presidente ‘encarnado’.

"Rui Costa vai ter de responder se foi cúmplice, conivente"

Autor: João Paulo Godinho/Lusa/AO

Em entrevista à Lusa, o empresário de 57 anos, alerta que aquilo que está em causa nas eleições para os órgãos sociais do clube “é escolher uma equipa de gestão que possa oferecer ao Benfica novas soluções” e reforça que Rui Costa sempre foi referenciado como “sucessor” pelo antigo presidente, que deixou a liderança do clube em julho deste ano, na sequência da detenção no processo ‘Cartão Vermelho’, em que estão em causa crimes de abuso de confiança, burla qualificada, fraude fiscal, falsificação e branqueamento de capitais.

“Rui Costa vai ter de responder aos benfiquistas se foi cúmplice, conivente ou distraído. Vai ter de esclarecer qual destas três coisas foi, porque ninguém pode estar 13 anos a ser formado por alguém que agora, alegadamente, roubou o clube e não saber de nada, não se pode estar 13 anos a ser administrador de uma SAD e não saber o que se passava lá, e não se pode estar 13 anos a assinar documentos e depois dizer que afinal não sabia o que estava a assinar”, nota.

Para Francisco Benitez, o episódio da OPA [oferta pública de aquisição] parcial sobre o capital da SAD - lançada em novembro de 2019 e chumbada pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, em março de 2020, após encontrar irregularidades - é um exemplo da necessidade do outro candidato à presidência do clube da Luz prestar esclarecimentos aos sócios.

“A ata diz que foi aprovada por unanimidade. Então Rui Costa não estava lá? Faltou àquela reunião? Unanimidade é unanimidade, não é maioria que diz lá”, sublinha, sem deixar de apelar aos sócios para dissociarem o ato eleitoral do momento da equipa de futebol: “Já no ano passado fizemos a mesma coisa… a bola estava a entrar [na baliza] e nós passámos um cheque em branco a alguém que depois acabámos por ver que não merecia”.

Em relação à SAD, o líder da lista B reitera que o controlo da maioria do capital por parte do clube “é um ponto de honra” pessoal e que o “Benfica é e será sempre” dos sócios. “Se algum dia - por um absurdo - isso acontecesse, eu demitir-me-ia no dia seguinte”, garante, afastando a prerrogativa de preferência sobre as ações de Vieira e abordando ainda a questão do acordo de aquisição de 25% das ações ‘encarnadas’ pelo investidor norte-americano John Textor.

“Eu conversaria sempre com toda a gente. Não percebi porque é que Rui Costa não quis falar, porque seria importante para explicar aos benfiquistas quais eram as ideias que o senhor Textor tem, mas, se calhar, Rui Costa já sabe quais são e não precisou de ouvir”, refere, continuando: “Não percebo porque é que alguém vai meter tanto dinheiro numa SAD onde não vai ter capacidade de gestão nem vai ter dividendos tão cedo”.

Confrontado com a diferença de mediatismo no universo benfiquista face à candidatura encabeçada por Rui Costa, o sócio n.º 3.082 do Benfica – que era o escolhido para a presidência da Mesa da Assembleia Geral na candidatura de João Noronha Lopes às eleições de 2020 – deixa um ‘recado’ ao antigo jogador dos ‘encarnados’.

“Estas eleições não são para escolher um ídolo nem um símbolo. Nós já temos já temos a águia, um emblema, a bandeira, o hino e o Eusébio… Temos muitos símbolos, não vamos escolher um símbolo nem uma figura decorativa; é um gestor e um líder de que estamos à procura. Não é alguém que num momento da história foi importante ao Benfica, é alguém que tem de liderar o Benfica e uma equipa para os próximos desafios que aí vêm”, conclui.

As eleições para os órgãos sociais do Benfica para o quadriénio 2021-2025 realizam-se no sábado, com Rui Costa e Francisco Benítez a disputarem a sucessão a Luís Filipe Vieira, que ocupou o cargo de presidente durante quase 18 anos, desde 2003.


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