Açoriano Oriental
Ricardo Rodrigues rejeita acusações do Ministério Público

O presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo refutou ontem as acusações de prevaricação e abuso de poder apontadas pelo Ministério Público, no âmbito do processo de adjudicação da exploração de um restaurante na rotunda dos Frades, em 2018.

Ricardo Rodrigues rejeita acusações do Ministério Público

Autor: Carolina Moreira

Em declarações à RTP/Açores, o autarca fala em “omissões” do Ministério Público e garante que se vai manter em funções. “A única coisa que não é bem é condenar as pessoas antes de uma apreciação por um juiz, isso não é razoável. O Ministério Público omitiu alguns factos, não vou dizer que intencionalmente, mas omitiu alguns factos para que a sua versão tenha consistência”, afirmou.

Em causa está a concessão da exploração de um espaço destinado à restauração a uma associação constituída pelo irmão do presidente da autarquia, Luís Rodrigues, e pelo marido da ex-vereadora socialista Nélia Guimarães.

Nélia Guimarães e o ainda vereador na autarquia Carlos Pimentel estão igualmente acusados daqueles crimes pelo MP. O caso remonta a 2018, quando a Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito sobre a concessão de um espaço de restauração construído pela Câmara de Vila Franca do Campo, em São Miguel, à Associação Amigos de Vila Franca do Campo.

De acordo com o despacho, entre finais de 2017 e início de 2018, os quatro intervenientes “delinearam um plano” para que a concessão do espaço de restauração da Rotunda dos Frades fosse “assegurada” a Luís Rodrigues.

Ricardo Rodrigues, Carlos Pimentel e Nélia Guimarães são acusados de “crime de abuso de poderes”, que é “sancionado com a pena acessória de perda de mandato” e do “crime de prevaricação”.

Já Orlando Guimarães e Luís Rodrigues são acusados do crime de prevaricação.

O MP entende que “não deverão ser aplicadas aos arguidos penas superiores a cinco anos de prisão”, pelo que será “deduzida acusação perante o tribunal singular” e rejeita acusar as entidades coletivas Associação Amigos de Vila Franca e Nutriatlântico.

O inquérito iniciado em 2018 surgiu na sequência de uma participação que o PSD fez junto do MP sobre a concessão daquele espaço junto à rotunda dos Frades “a familiares de membros” da maioria socialista do executivo municipal.

Apesar das acusações, Ricardo Rodrigues afirma que se vai “manter em funções”. “Eu vou manter-me em funções, porque faz parte das regras. Nesta fase, isto seria dizer que estava condenado e não é o caso. Se tivesse de tomar alguma decisão nesse sentido, já a tinha tomado no início se visse que os factos tinham alguma razão de ser”.
Quanto à posição do PSD de Vila Franca, o autarca socialista salienta que “a oposição faz o seu trabalho, eu não tenho que criticar a oposição. Eventualmente, no lugar deles não faria a mesma coisa, mas é o que é”.

Questionado sobre se tomaria a mesma decisão sobre a concessão, Ricardo Rodrigues disse que “sim”. “O procedimento foi totalmente transparente”, reiterou.

De referir que o Açoriano Oriental tentou entrar em contacto com Ricardo Rodrigues por várias vezes para obter uma reação a este processo, mas até ao momento ainda aguarda resposta.

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