PM francesa anuncia aprovação forçada do orçamento e oposição avança com moções de censura

A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, ativou um artigo constitucional que permite ao Governo aprovar um Orçamento do Estado sem aprovação da Assembleia Nacional, levando a extrema-esquerda e a extrema-direita a apresentarem moções de censura.



Desde o início da discussão do Orçamento, que começou há uma semana na Assembleia Nacional francesa, que a oposição esperava que a líder do Governo ativasse este artigo (49.3) que faz com que não seja necessário submeter aos deputados as contas do Estado para o próximo ano.

Criado para desbloquear situações em que o Governo não tem a maioria para uma aprovação certa e atempada dos orçamentos, este artigo causa discórdia no seio da sociedade francesa.

Elisabeth Borne disse "assumir a responsabilidade" desta escolha, assinalando que fez "uma escolha pelo diálogo", mas que a decisão acabou por recair na utilização desta 'ferramenta' constitucional.

Defendendo esta escolha, Borne disse que o orçamento que será aprovado não é o que foi inicialmente redigido pelo Governo, mas um documento que acolheu cerca de 100 propostas vindas dos diferentes grupos parlamentares.

Logo a seguir a este anúncio feito no hemiciclo do Palácio Bourbon, a oposição, especialmente a coligação de esquerda Nova União Ecológica e Social Popular (NUPES), reagiu com a apresentação de uma moção de censura ao Governo, indicando que o recurso a este artigo da Constituição é "uma confissão de fraqueza" e "desprezo" do Governo pela democracia.

Também a extrema-direita, de Marine Le Pen, anunciou que vai apresentar uma moção de censura.

Um dos temas ausentes deste orçamento, e essencial para a esquerda, era a taxação dos 'lucros excessivos' das grandes empresas, com o Governo a deixar cair a medida.

O executivo incluiu alguns apoios às famílias e vários apoios às empresas sugeridos pela oposição, incluindo apoios também às associações locais, muito afetadas pela crise da covid-19.

O Governo francês queria acelerar a aprovação do Orçamento para 2023, já que a partir de quinta-feira começa a discussão sobre a Lei de Finanças da Segurança Social, um outro dossier delicado para Borne, havendo ainda 3.300 alterações apresentadas ao Orçamento que não tinham sido discutidas e podendo os debates arrastar-se durante vários dias.

Na V República, o artigo 49.3 já foi utilizado 89 vezes, sendo que a última vez aconteceu no início do 2020, quando o Governo de Edouard Phillipe aprovou desta forma a reforma do sistema de pensões que seria depois suspensa devido à pandemia e será retomada por Elisabeth Borne.

Este artigo pode ser usado uma vez por sessão legislativa, para o Orçamento e para outra lei que o Governo considere essencial.

PUB

Premium

A funcionar desde outubro, a Unidade de Hospitalização Domiciliária do Hospital do Divino Espírito Santo já internou 18 doentes em casa, oferecendo cuidados de nível hospitalar no domicílio, com uma equipa multidisciplinar dedicada, menor risco de infeções e quedas, maior conforto para o doente e melhor gestão das camas hospitalares