Açoriano Oriental
"Oficina Solidária" recupera móveis no Funchal para dar aos mais carenciados
No bairro de Santo Amaro, em São Martinho, no Funchal, localiza-se a única oficina da Madeira onde são recuperados móveis usados ou em mau estado de conservação para serem depois cedidos a famílias carenciadas.
"Oficina Solidária" recupera móveis no Funchal para dar aos mais carenciados

Autor: Lusa/AO Online

 

A "Oficina Solidária" foi criada em março pela Sociohabita Funchal - Empresa Municipal de Habitação e já beneficiou, nos seus oito meses de existência, uma dezena de famílias de vários bairros da cidade do Funchal - Santo Amaro, Quinta Falcão e Cruzes - após o apuramento das necessidades sentidas pelos moradores por parte de técnicas sociais.

Na oficina trabalham dois estofadores, Daniel Viveiros e José Manuel Correia, e um marceneiro, José António Capelo, que ficaram desempregados depois de terem trabalhado décadas numa das mais afamadas fábricas de móveis da Madeira, e uma arquiteta que coordena os trabalhos, Carolina Brederode.

"Às vezes substituímos os móveis na totalidade por móveis que recuperámos, por vezes recuperamos os próprios móveis que as pessoas têm. Às vezes não têm móveis nenhuns e nós recuperamos móveis velhos que nos entregam e que vêm da Salubridade da câmara e outras vezes são doados por particulares, recuperamos cá, na oficina, e procedemos à entrega às famílias", conta à agência Lusa Carolina Brederode.

A arquiteta salienta, por entre um amontoado de móveis à espera de destino, que os móveis saem novos, mesmo que sejam recuperados: “Já foram lixo e agora são móveis novos mesmo".

"Tivemos pessoas que saíram do país e nos deram a mobília; temos também a Cáritas, eles têm alguns móveis que estão estragados que não podem dar de imediato às pessoas, dão-nos e nós arranjámos", acrescenta Carolina Brederode.

A coordenadora revela que a adesão a esta causa tem vindo a aumentar por parte de particulares ao ponto de as instalações serem já exíguas. O problema, neste momento, é ter lugar para guardar as coisas.

"Estamos a tentar arranjar um espaço maior até para que os senhores que estão a trabalhar não estarem uns por cima dos outros", diz a arquiteta, dirigindo-lhes o olhar enquanto lixam peças, extraem pregos, arrancam tecidos, martelam estruturas, num estardalhaço suavizado pelo som de um rádio que emite música popular.

Um novo espaço permitiria acolher sem limitações as dádivas que a "Oficina Solidária" vai recebendo, até porque, observa Carolina Brederode, "é um crime, às vezes, deitar mobília fora quando pode servir para outras pessoas".

Outra finalidade do projeto é ensinar os moradores dos próprios bairros a arte da marcenaria e do estofar de modo a que possam fazer pequenas reparações nas suas próprias casas: "A ideia era mesmo que os próprios moradores dos bairros aprendessem a arte ou a fazer uma pequena reparação a um móvel em casa, que eles próprios pudessem fazer esses trabalhos".

Carolina Brederode considera que a "Oficina" veio "perfeitamente a calhar" numa altura marcada por austeridade, dificuldades económicas e desemprego e, por isso, a doação de móveis pode ser uma forma de atenuar a consternação das famílias.

"Também é dar uma alegriazinha às famílias no meio de tanta tristeza", reconhece.

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