Açoriano Oriental
Emigrantes falam de altos e baixos
Quando partiu, há 29 anos, para os EUA, saiu em rutura com o então presidente do governo regional dos Açores e foi “para o exílio”. Cunha de Oliveira, hoje com 86 anos, regressou ao arquipélago para se candidatar a eurodeputado pelo PS.
Emigrantes falam de altos e baixos

Autor: lusa

Cunha de Oliveira foi um dos mais de cem antigos emigrantes que participaram no "II Encontro de Emigrantes Regressados", em Angra do Heroísmo.

“Eu, na altura, era diretor regional de Estudos e Planeamento dos Açores e estava em desacordo com o presidente do governo regional [Mota Amaral], tinha uma visão do desenvolvimento açoriano completamente diferente da dele”, disse.

Natural dos EUA, foi nos Açores que cresceu e se formou no seminário de Angra do Heroísmo, onde foi sacerdote. Mais tarde pediu dispensa do ministério sacerdotal e casou-se com uma emigrante açoriana que residia na América.

Fez limpezas em casas enquanto não encontrava outro trabalho, mas chegou a diretor do jornal “Portuguese Tribune”, funções que abandonou respondendo ao convite para ser candidato socialista, pelos Açores, ao Parlamento Europeu, para o qual foi eleito.

Idalina Andrade Gonçalves tem uma história diferente: emigrou depois de casar aos 17 anos, fixou-se no Rio de Janeiro, fez estudos universitários, teve filhas e desenvolveu também a sua veia artística na pintura.

Trabalhou em medicina, motricidade e na pesquisa genética, mas embora tivesse “saudades da terra, as raízes familiares pesaram sempre mais que o desejo do regresso”.

Sente-se útil “na divulgação dos Açores no Rio de Janeiro”, onde está a lutar pela implantação de uma estátua do escritor Antero de Quental numa praça com o mesmo nome, “localizada num bairro chique”.

Dioclésio Machado embarcou para o Brasil com 18 anos, onde esteve quase duas décadas a trabalhar como “empresário de açougue”, mas regressou para investir na sua terra, defendendo que cabe a todos ajudar ao seu progresso.

“Não nego que tenho sempre um pé lá e outro cá, as minhas filhas são brasileiras e gostavam de estar lá e cobram-me diariamente o facto de eu querer estar cá, mas não me importo porque gosto deste cantinho, onde investi na área do turismo”, explicou.

Para a Califórnia (EUA) emigrou, com 39 anos, Marino Dias, antigo funcionário dos correios de Angra do Heroísmo, mas teve “o desejo de ganhar algum dinheiro, fazer um pé-de-meia para investir aqui na terra”.

“Trabalhei nas vacas [exploração leiteira] e não trabalhava mais do que aqui mas pagavam-me melhor para ordenhar 450 vacas duas vezes ao di,a seis dias por semana”, explicou, acrescentando que atualmente está reformado ainda que tenha "uns bezerros" para se "entreter”.

Isildo Enes, 73 anos, partiu da Terceira para o Canadá onde trabalhou na construção civil durante doze anos “a fazer e alisar cimento”, chegando a fazer turnos de 12 horas.

“Eles pagavam bem e queria ficar mas como casei e a mulher não gostava daquilo, em especial no inverno, acabei por regressar e investir numa exploração agro-pecuária”, adiantou.

No encontro de emigrantes regressados, foram homenageadas oito personalidades que viveram a emigração por dentro e regressaram para contribuir para o desenvolvimento da terra natal.

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