Autor: Lusa/AO Online
“As consequências da
interrupção dos sistemas de saúde incluirão um aumento de novas infeções
que podem continuar por décadas, bem como um ressurgimento das taxas de
SIDA e mortalidade em indivíduos que não conseguiram ter acesso aos
testes e que tiveram acesso tardio aos cuidados”, refere o relatório da OMS.
As conclusões do estudo, que abrangeu 44 países de quatro continentes, incluindo Portugal, serão apresentadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no lançamento da Semana Internacional e Europeia do Teste, que arranca hoje.
Os dados sobre o impacto da pandemia no rastreio do vírus da imunodeficiência humana (VIH) adiantam que, entre 01 de janeiro e 31 de agosto de 2020, em relação ao período homólogo de 2019, verificou-se uma redução de 26,19% no número de testes em países europeus, que baixou de 204.610 para 151.019.
Além disso, registou-se um aumento da percentagem de testes positivos para o vírus que pode causar a sida (síndrome de imunodeficiência adquirida) de 3,39 para 4,88, o que representou um crescimento de 43,95% nesse período no caso europeu.
“Encontramos um aumento na percentagem de testes positivos em todos os continentes, variando de 2,19% em África a 43,95% na Europa”, adianta o estudo que recorreu a dados da AIDS Healthcare Foundation.
Já no que se refere ao impacto da pandemia nas consultas de pessoas com VIH, o relatório refere que os países de África e da América Latina apresentaram reduções de 7,14% e 24,31% nos atendimentos presenciais, enquanto os países europeus e asiáticos tiveram um ligeiro aumento no número de consultas em 2020.
Por outro lado, os países africanos, asiáticos e latino-americanos registaram reduções no número de novas inscrições nos serviços de saúde, que variaram entre 32,05% e 56,26%, ao contrário dos países europeus, onde se verificou uma evolução positiva deste indicador.
“Apesar dos esforços para fornecer tratamento e cuidados, bem como ferramentas de teste e prevenção para populações vulneráveis durante a pandemia, a covid-19 provavelmente terá um grande impacto sobre esses serviços nos próximos anos”, alerta o estudo.
Os autores esperam que a vacinação contra o coronavírus SARS-CoV-2 “ajude os serviços de VIH a recuperar do impacto substancial da pandemia”, defendendo ainda que, para minimizar estes impactos, são necessárias “estratégias para melhorar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento nos períodos pandémico e pós-pandémico”.
Segundo o relatório “Infeção VIH e SIDA em Portugal – 2020”, foram diagnosticados 778 novos casos de infeção em 2019, menos 331 face a 2018.