O esclarecimento do Grupo VITA surge após informações divulgadas por parte da Associação Coração Silenciado, que reúne vítimas de abuso sexual na Igreja Católica, e que manifestou na segunda-feira “preocupação e indignação” com o processo de análise e compensação financeira, lamentando a falta de informação sobre o montante global a atribuir.
A associação disse também que as entrevistas foram feitas “de forma excessivamente inquisitorial sem acesso a telemóveis, caneta ou papel por parte das vítimas, obrigando a repetir os mesmos relatos em sessões que chegaram a prolongar-se por oito horas”.
Em comunicado, o Grupo VITA , que integrou também as Comissões de Instrução, reiterou, sobre o processo de atribuição das compensações financeiras, ter cumprido o prazo definido para a elaboração dos pareceres (31 de agosto de 2025).
Desde então, o processo tem estado a decorrer com o Grupo de Fixação de Montantes e com a CEP, segundo a nota.
O Grupo refere que no âmbito dos processos de atribuição de uma eventual compensação financeira, as Comissões de Instrução realizaram entrevistas individuais com cada uma das pessoas que fizeram essa solicitação.
“Estas entrevistas foram conduzidas tendo por base um guião de entrevista semiestruturado (elaborado de acordo com a literatura da especialidade) e, em caso algum, uma entrevista teve a duração de oito horas. Existiram, sim, situações em que foi necessário realizar mais do que uma entrevista (duas)”, é referido no comunicado.
De acordo com o Grupo, criado pela CEP, de uma forma geral, e em média, as entrevistas duraram cerca de duas horas e meia, todas com “pausas regulares e sempre com o consentimento expresso da pessoa entrevistada”, tendo existido ainda “uma situação em que a pessoa entrevistada solicitou uma terceira entrevista”.
O Grupo clarifica também que durante todo o processo, foi sempre permitido o uso de telemóveis, após um incidente uma das vítimas tentou gravar a entrevista sem consentimento.
O Grupo VITA destaca também que as vítimas nunca foram impedidas de usar papel e caneta, como diz a Associação, pelo contrário, várias pessoas escreveram e tiraram notas durante as entrevistas, “o que demonstra a total liberdade e autonomia que sempre lhes foi assegurada”.
Sublinha igualmente que as vítimas “são escutadas individualmente ou em pequenos grupos (no âmbito do recente projeto Sobre.VIVER), garantindo um espaço seguro e respeitoso”.
O Grupo adianta ainda que no dia 26 de outubro, contactou, por email, a Associação Coração Silenciado, reconhecendo a relevância da sua missão e convidando-a a integrar o projeto Sobre.VIVER, mas até ao momento, não receberam qualquer resposta por parte.
A 13 de novembro último, a CEP anunciou que, até àquele dia, tinham sido apresentados 89 pedidos de compensação financeira na sequência de abusos na Igreja Católica, tendo 78 sido considerados efetivos.
Na quinta-feira, a coordenadora do Grupo VITA, Rute Agulhas, afirmou que “efetivados não significa que vão, necessariamente, receber uma compensação”, estando os 93 processos em análise e estudo e, em algumas destas situações, ainda se aguardar informação por parte da própria Igreja.
