Açoriano Oriental
Campanha 'Chama-lhe Nomes' quer batizar 12 espécies endémicas
Um inseto que só vive um dia, um escaravelho que salta para se endireitar e um gorgulho que participa na reciclagem de nutrientes, são algumas das espécies endémicas dos Açores que procuram um nome comum para serem conhecidos.
Campanha 'Chama-lhe Nomes' quer batizar 12 espécies endémicas

Autor: Lusa/AO online

O Grupo da Biodiversidade dos Açores lançou a iniciativa "Chama-lhe Nomes" na rede social Facebook, desafiando as pessoas a sugerir, até ao final do ano, nomes comuns para 12 espécies de insetos que apenas existem no arquipélago, mas continuam a ser conhecidas apenas pelo seu nome científico, formado por duas palavras em latim.

O ‘Pinalitus oronii’, um percevejo que se alimenta de seiva de plantas e pode ser encontrado na copa das árvores da floresta nativa, é um dos insetos à procura de nome comum, assim como o ‘Athous pomboi’, um escaravelho que apenas existe na floresta Laurissilva de Santa Maria e se caracteriza pelos saltos que dá para se endireitar quando fica de patas para o ar.

Isabel Amorim, coordenadora do projeto, disse à agência Lusa que a iniciativa pretende divulgar o património natural único dos Açores, permitindo também preencher o “vazio de conhecimento” que existe sobre muitas espécies que apenas são encontradas neste arquipélago.

Um desses casos é o ‘Tipula macaronésica’, um inseto de pernas longas cujas larvas se alimentam de raízes de plantas, mas apenas vive um dia quando chega à fase adulta, que pode ser encontrado nas matas de todas as ilhas dos Açores, exceto nas Flores.

"A ideia é dar a conhecer a biodiversidade", salientou Isabel Amorim, acrescentando que "as pessoas desconhecem cerca de metade das espécies endémicas" dos Açores.

No mesmo sentido, Paulo Borges, coordenador do Grupo da Biodiversidade dos Açores, salientou que existem nos Açores “mais de 400 espécies endémicas”, que desempenham um papel importante no ecossistema, mas são ainda desconhecidas da maioria das pessoas.

Desde que esta iniciativa foi lançada, “cerca de 100 pessoas já responderam” ao desafio, mas a página naquela rede social já foi visitada por “mais de 5.000 mil pessoas”.

“É um sinal de que foi alcançado o propósito da iniciativa de divulgar espécies desconhecidas que vivem na floresta nativa”, frisou Isabel Amorim.

O ‘Tarphius azoricus’, um escaravelho de carapaça dura que se alimenta de fungos nos troncos das árvores, e o ‘Pseudanchomenus aptinoides’, um carocho noturno que pode ser encontrado debaixo de pedras na floresta nativa de S. Miguel e do Pico, são outros insetos que esperam pela imaginação das pessoas para terem um nome comum.

Insetos como o ‘Pseudechinosoma nodosum’ ou o ‘Elipsocus azoricus’ participam ativamente na reciclagem de nutrientes na floresta, enquanto o ‘Cedrorum azoricus’ e o ‘Hydroporus guernei’ são predadores que dão um contributo especial para o controlo das populações de pequenos invertebrados, aguardando todos que lhes “chamem nomes”.

Até ao final de dezembro podem ser apresentadas sugestões de nomes comuns para os 12 insetos que integram esta iniciativa, sendo depois escolhidos os mais criativos, que serão divulgados no Portal da Biodiversidade dos Açores com o nome dos seus autores.

"Se o nome que uma pessoa sugerir for o escolhido, ela ficará ligada para sempre à história natural dos Açores", frisou Isabel Amorim.

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