Autor: Lusa/AO Online
Na única publicação sobre a greve colocada na rede social Twitter, a companhia irlandesa de baixo custo informou não ter havido “mais interrupções nesses países e todos os voos programados estão a ser operados hoje normalmente”.
No entanto, na página da ANA-Aeroportos de Portugal surgiram, pelas 11h30, 19 registos de cancelamentos de voos de e para os aeroportos de Lisboa e do Porto nesta quarta-feira. No aeroporto de Faro não há indicação de cancelamentos.
A empresa pediu desculpas aos 50 mil passageiros afetados na Bélgica, Espanha e Portugal que viram os seus voos de hoje cancelados devido à greve.
O Sindicato do Pessoal de Voo da Aviação Civil informou esta manhã que cerca de 50% dos voos da Ryanair com partida e chegada aos aeroportos do continente foram cancelados devido à greve dos tripulantes de cabine.
“Neste momento temos cerca de 50% de voos cancelados nas três bases de Portugal continental [Faro, Lisboa e Porto] e neste momento em Ponta Delgada [Açores] temos a informação de que um voo irá realizar-se”, disse à agência Lusa o sindicalista Bruno Fialho, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
Os tripulantes de cabine da transportadora aérea Ryanair cumprem hoje e quinta-feira uma greve em Portugal, Espanha e Bélgica para exigirem a aplicação da lei nacional laboral, enquanto em Itália a paralisação é de 24 horas.
No âmbito da greve, a Ryanair decidiu cancelar antecipadamente voos, um número que em Espanha deverá chegar aos 400 e na Bélgica e em Portugal 200.
A companhia estimou que os cancelamentos possam envolver até 50 dos mais de 180 voos diários operados de e para Portugal (27%).
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil tem denunciado, desde o início da paralisação, que a Ryanair substitui ilegalmente grevistas portugueses, recorrendo a trabalhadores de outras bases.
A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante essa greve.
Esta quarta-feira, Bruno Fialho revelou ter sido feita uma “coação sobre os trabalhadores”, ao ser enviada uma “carta ameaçando os mesmos de que se não fossem voar em dias de folga e que batiam nos dias da greve iriam ser despedidos”.
Questionado sobre a carta, o diretor de marketing da Ryanair, Kenny Jacobs, recusou que o conteúdo se relacionasse com a greve, garantido ser gestão de recursos em “época do pico do verão”.
Nas cartas dirigidas aos trabalhadores, a que a agência Lusa teve acesso, lê-se que na revisão do planeamento “é necessário emendar” turnos e que os funcionários devem apresentar-se para os “deveres agendados nesta data (dias 25 e 26) na linha do contrato de trabalho”.
“Infelizmente, em tempos desafiantes como este, os nossos passageiros têm que vir em primeiro ligar e assim temos que garantir que temos tripulação suficiente para cobrir o nosso horário. A falha em preencher estes deveres vai resultar em ação disciplinar até e incluindo despedimento” e falta de pagamento de bónus de produtividade”, lê-se.
Para o sindicalista, esta carta da Ryanair “é crime”.
Por essa razão, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem, “desde a semana passada, vindo a acompanhar esta situação e a desenvolver todos os passos necessários para identificar situações que possam, eventualmente, ferir a legalidade do nosso quadro constitucional do direito à greve”, acrescentou.
A decisão de partir para a greve foi tomada a 5 de julho numa reunião, em Bruxelas, entre vários sindicatos europeus para exigirem que a companhia de baixo custo aplique as leis nacionais laborais e não as do seu país de origem, a Irlanda.
Com a greve, os trabalhadores querem exigir que a transportadora irlandesa aplique a legislação nacional, nomeadamente em termos de gozo da licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e que retire processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo dos aviões abaixo das metas definidas pela empresa.