Autor: Lusa/AO Online
"Entendo que é uma força tão grande dos açorianos nos seus próprios espaços e em todos os sítios para onde foram, que é natural pensar-se nesta candidatura", afirmou Maria Norberta Amorim, uma das promotoras da iniciativa, em declarações à Lusa.
Maria Norberta Amorim, ex-docente universitária, falava à margem do V Congresso Internacional sobre as Festas do Divino Espírito Santo, que encerrou hoje em Angra do Heroísmo, na Terceira, onde foi lançado o repto para que os investigadores presentes contribuam para a candidatura.
A iniciativa, que surge depois de há 10 anos a UNESCO ter rejeitado uma candidatura idêntica, é agora lançada pela antropóloga terceirense Antonieta Costa e pelos investigadores Maria Norberta Amorim e Manuel Serpa, da ilha do Pico, a quem se vai também associar a Direção Regional das Comunidades.
"O próprio congresso, certamente, vai dar força a essa candidatura", afirmou a diretora regional, Graça Castanho, salientando que o fenómeno "está a ser estudado por uma quantidade cada vez maior de investigadores e por centros de investigação de universidades de renome internacional".
As festas em honra do Espírito Santo realizam-se em todas as ilhas dos Açores, geralmente nas sete semanas depois da Páscoa, sendo também assinaladas em algumas localidades do continente, no Brasil, EUA e Canadá.
As celebrações variam de freguesia para freguesia, mas, de um modo geral, as pessoas acolhem em casa bandeiras e coroas, que simbolizam o Espírito Santo, rezando o terço durante uma semana, no fim da qual as levam à igreja, onde se realiza a coroação, normalmente seguida de um almoço, sendo que em muitas localidades também se distribui carne, vinho, pão ou massa.
Graça Castanho considerou que as festas em honra do Espírito Santo têm "todos os ingredientes para que a candidatura vingue e seja uma referência no panorama do Património Imaterial da Humanidade".
O objetivo da candidatura, segundo Maria Norberta Amorim, é divulgar por todo o mundo estas festividades, que se caracterizam pela "irmandade, solidariedade, partilha, união e integração de novas gentes à comunhão na devoção".
"Isto é visível em todas as funções de coroa, em que toda a gente se sente bem", frisou, salientando que, no Pico, é feita a distribuição de pão, rosquilhas ou bolos a toda a gente que aparece, seja criancinha de colo ou velho, pobre ou rico".
O V Congresso Internacional sobre as Festas do Divino Espírito Santo reuniu em Angra do Heroísmo mais de uma centena de participantes, que partilharam durante três dias investigações e testemunhos de manifestações ocorridas nos Açores, no continente e nas comunidades de emigrantes açorianos.