Açoriano Oriental
À descoberta das Velas de São Jorge com segurança!

Sinta-se convidado a descobrir a ilha do dragão nas suas férias de verão.
A Câmara Municipal preparou um guia turístico para uma escapadinha segura. Está preparado? A aventura começa agora…


Autor: Concelho@concelho

A verdade é que a Covid-19 veio balançar o Mundo. Mas há sempre uma luz no final do túnel. Esta luz ganha forma com a ilha de São Jorge e em particular com o concelho das Velas. O local perfeito para umas férias em contacto com a natureza. A ilha surgiu através de sucessivas erupções vulcânicas e veio dar lugar a uma maravilhosa península onde impera o verde das pastagens, o azul do mar, o castanho das terras agrícolas e o negro do basalto. Para quem gosta de caminhadas, apreciar a fauna e a flora, observar golfinhos, fazer desportos radicais e provar produtos locais, encontra neste destino a melhor opção para fazer tudo isso, e muito mais, com o devido distanciamento social. Não é por acaso que os Açores foram considerados um dos destinos mais seguros na Europa para fazer férias em 2020, de acordo com a organização European Best Destination, sendo esta também uma campanha igualmente promovida pelo Governo Regional. São Jorge está, assim, preparada para oferecer-lhe toda a segurança sanitária no turismo, várias opções de alojamento e muita hospitalidade, não fosse esta uma das principais características dos jorgenses. Não perca tempo e faça férias cá dentro!

Bem-vindo a Velas
Velas é a capital de São Jorge e uma vila que parece ter saído de um conto. Foi construída por volta de 1490, à volta do porto e merece uma visita sem pressas. No cais damos de caras com o afamado Portão do Mar, caracterizado por uma arquitetura que remonta ao século XVIII. No passado, as portas do concelho eram abertas pelo porto e fechadas à noite para assegurar a prevenção de eventuais ataques de piratas. Tal função também era partilhada pelo Forte de Nossa Senhora da Conceição, localizado na costa da ilha, por volta do século XVI.
No centro podemos encontrar o Jardim da República, conhecido pelo seu coreto em tons encarnados, o edifício da Câmara Municipal que se destaca pela sua arquitetura barroca e a Igreja-Matriz, famosa por conter no seu lago um dragão lavrado em pedra basalto. Em homenagem à luta entre São Jorge e o mítico animal existem também outras gravuras desenhadas nas pedras da calçada. Reza a lenda que o santo terá saído vencedor. Siga a dica e torne-se igualmente num conquistador... da ilha!
Mas a imponência das Velas não fica por aqui. O Arco Natural das Velas é uma obra de arte construída pela própria natureza. O monumento feito de lava basáltica completa uma curvatura perfeita e situa-se na avenida dos Baleeiro. Vale a pena a visita.

No coração do arquipélago
E se tinha dúvidas da beleza de São Jorge, o Pico da Esperança, com 1053 metros de altitude, irá dar-lhe certezas. O cenário deslumbrante é uma das paragens obrigatórias no concelho. Neste pico é possível avistar as outras ilhas que compõem o grupo central, nomeadamente, o Pico, Faial, Graciosa e Terceira. Um panorama de suster a respiração que lhe mostra não só o porquê, mas também como as famosas ilhas de bruma inspiraram o artista José Ferreira. O Miradouro das Manadas, a Vigia da Baleia, o Miradouro Fajã da Caldeira e da Fajã das Almas, do Canavial, Morro das Velas, da Ponta da Queimada dão-lhe igualmente outras perspetivas paisagísticas em torno da ilha.

Vamos viajar no tempo?
Velas é um lugar de usos, tradições e costumes seculares. Este ano devido à crise sanitária as festividades típicas da ilha como as Festas do Espírito Santo, a Semana Cultural das Velas, Festival de Julho, Festa do Imigrante, entre outras, foram canceladas e terão de esperar mais um ano para saírem à rua. Mas não deixe de visitar todo o legado histórico que a compõe. Para descobrir um pouco mais sobre a história do concelho pode visitar a Casa Museu Cunha da Silveira, o Museu Francisco Lacerda na Calheta ou o Museu de Arte Sacra. Mais, a Igreja de Santa Bárbara, classificada como Património Nacional, é um dos maiores tesouros jorgenses, localizada na Freguesia das Manadas. Outro edifício ilustre que contribui para a memória cultural e que não passa despercebido é a Torre Velha ou Torre Sineira, na freguesia da Urzelina.

De comer e chorar por mais…
Não há férias sem petiscos, até porque os olhos também comem! Um dos cartões de visita da ilha é o queijo de São Jorge, de denominação de origem protegida. A fama do seu paladar único percorre os quatro cantos do Mundo e deu ao concelho das Velas, em abril de 2018, a distinção de “Capital do queijo”. O município convida-o a visitar a fábrica Uniqueijo, situado na Beira, para acompanhar a produção deste produto tradicional com mais de 500 anos de existência. A experiência, com toda a segurança providenciada, fá-lo-á sentir-se como um verdadeiro conterrâneo. Mas a gastronomia não fica por aqui… As amêijoas da Caldeira de Santo Cristo, a única criação nos Açores, são uma especialidade da casa e podem ser degustadas em apenas alguns restaurantes locais. Além disso, na Fajã dos Vimes produz-se café, de aroma intenso, feito com grãos colhidos localmente. Quanto à bebida, a aguardente de canela ganha evidência e as rosquilhas, os bolos de coalhada, os suspiros, as espécies e os esquecidos são alguns exemplos da doçaria regional. Pode prová-los ou comprá-los no comércio local. Uma curiosidade: o nome do doce, as espécies, nasceu pelo facto de ser feito com base em especiarias, particularmente com erva-doce, pimenta, canela e noz moscada. O trocadilho dá azo a que muitas das senhoras que o confecionam oiçam por diversas vezes a seguinte expressão: “Toma lá isto para não estares sempre a fazer espécie.”

Atira-te ao mar e diz que te empurraram!
Visitar o concelho das Velas e não mergulhar no mar dos Açores é quase um pecado que o santo padroeiro não poderia perdoar. A temperatura da água, moderada pela Corrente do Golfo, chega aos 24ºC no verão e quase que apetece permanecer dentro do oceano durante horas sem fim. Convite feito, só lhe resta saber onde poderá usufruir destas águas cristalinas com tons azulados e um mar infinito. Eis algumas sugestões para ir a banhos. A Poça dos Frades é bastante popular e próxima do centro, a zona balnear da Preguiça, os portinhos da Urzelina, da Queimada e o porto dos Terreiros são opções de eleição.

Indo eu, indo eu a caminho das Fajãs
São Jorge é conhecida pelas suas fajãs - Reserva da Biosfera. As superfícies aplanadas junto ao mar e no término das arribas, formadas pelos fluxos de lava ou pelo desabamento de terras ou de rochas, são a principal ex-líbris da ilha. Existem mais de 40 para descobrir e outras dezenas de trilhos pedestres para percorrer! Se tiver interesse, disponibilidade e uma boa condição física, a Grande Rota de São Jorge pode ser uma opção para si. Percorre metade da ilha, numa extensão total de 41.5 quilómetros e o nível de dificuldade é elevado, com uma estimativa de 12 horas para a sua execução. É recomendado que aproveite a passagem por centros urbanos, rurais ou zonas balneares espalhadas para reabastecer acessórios ou recuperar forças. Ou até pode preferir visitar apenas uma arriba e relaxar entre banhos. A escolha é vasta, entre a Fajã da Caldeira do Santo Cristo, a mais famosa pelas suas deliciosas amêijoas, a Fajã de João Dias, a Fajã dos Vimes, a Fajã do Ouvidor conhecida pelas suas piscinas naturais como a Poça Simão Dias, à Fajã dos Cubres, uma das 7 Maravilhas de Portugal, pela sua lagoa límpida. Os trilhos são as melhores formas de acesso para lá chegar. Todos os caminhos pedestres possuem boas condições e acompanhamento especializado. Um autêntico paraíso por conhecer! Mais, é passível de encontrar pela ilha castanha vários miradouros das quais não pode perder. Desde a Vigia da Baleia, em Rosais, localizada na ponta da ilha, o miradouro das relheiras, do Pico da Velha, bem como, alguns parques florestais. O parque das Macelas, em Santo Amaro, e o Parque Florestal das Sete Fontes, nos Rosais são algumas hipóteses para desfrutar e respirar ar puro.

“Desconfinar” no meio da natureza
Atividades radicais pode ser a melhor forma de “desconfinar” e descarregar as energias após a quarentena. A ilha de São Jorge oferece um leque de opções e ótimas condições para a prática de desportos aquáticos ou terrestres para todos os gostos, tipo de pessoas e idades. Se é fã de mar, pode optar por um passeio de caiaque, stand up paddle ou de barco para observar as encostas, baías ou até mesmo escolher a prática de mergulho para explorar a vida marinha e as formações rochosas. Os locais mais cobiçados pelos praticantes localizam-se nas pontas Este e Oeste da ilha como o Ilhéu do Topo e a Baixa dos Rosais ou ao longo da costa Sul da ilha. Já para quem gosta de pesca desportiva podem encontrar no mar dos Açores um recreio para brincar com mais de 500 espécies à deriva, seja com pesca de corrico, de fundo, grossa, de costa ou inclusive com caça submarina. Ainda, a Fajã de Santo Cristo é um spot reconhecido internacionalmente para a prática de surf, não só pela qualidade da onda bem como pelos seus cenários idílicos. Se preferir ficar com os pés assentes em terra, pode recorrer a passeios de bicicleta, jeep tours, observação de aves na extensa costa e lagoas ou fazer geoturismo. Para esta última opção destaca-se o Morro Grande, nas Velas, onde é possível observar um alinhamento de cones que provam um vulcanismo fissural resultante da atividade de um vulcão submarino. Ou quer mesmo sentir adrenalina? Para isso o rapel, slide ou coasteering são as escolhas mais assertivas e originais para conhecer a ilha e criar memórias no meio do Atlântico. As atividades radicais terão de ser devidamente acompanhadas por profissionais.

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