Açoriano Oriental
Erros nas traduções de placas toponímicas em Angra do Heroísmo geram contestação
As mais recentes placas toponímicas da cidade de Angra do Heroísmo estão a ser alvo de crítica devido a vários erros na tradução, mas a autarquia já disse que vai corrigir os casos mais graves.
Erros nas traduções de placas toponímicas em Angra do Heroísmo geram contestação

Autor: Lusa/AO online

 

"Naquelas que têm os erros mais flagrantes está a ser estudada uma possibilidade de as corrigir, o que será feito em devido tempo", salientou, em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Álamo Meneses.

A autarquia distribuiu pelas principais ruas e edifícios do centro histórico da cidade Património Mundial da Humanidade placas, cujo modelo foi aprovado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e é semelhante aos utilizados noutras cidades, como Lisboa, Leiria ou Porto.

No entanto, a versão em inglês traduziu também os nomes das ruas e, nalguns casos, alterou o significado.

A "Straight Street" (Rua Direita) e o "Top of the Holes" (Alto das Covas) são dois dos nomes que mais têm originado críticas, mas a troca de uma letra fez também com que Pêro Anes do Canto passasse de enterrado (em português) a internado (em inglês) na Sé Catedral.

Há também uma placa que identifica um rio em Angra do Heroísmo, em vez de uma ribeira, e a câmara municipal é descrita em inglês como "Town Hall", em vez de "City Hall".

Teresa Silva Ribeiro, tradutora profissional a viver em Angra do Heroísmo, detetou vários erros nas placas e, em declarações à Lusa, disse acreditar que as traduções não foram feitas por um tradutor, nem foram revistas por um nativo de língua inglesa.

"É de lamentar. Como tradutora, dói-me muito ver aquelas placas", salientou, alegando que não basta ter um curso de línguas para se estar apto a traduzir.

Na opinião de Teresa Silva Ribeiro, as placas pecam, em primeiro lugar, pela tradução dos nomes, que quebra uma das regras básicas da tradução, e muitas têm "erros notórios" que um turista nativo de língua inglesa identificará rapidamente.

Também os partidos da oposição na autarquia (PSD e CDS) já criticaram os "erros grosseiros" nas placas toponímicas, alertando para a possibilidade de se tornarem em motivo de "chacota" e de Angra do Heroísmo passar a ser conhecida como "Cidade Património Mundial do Humor".

"Está na altura de a Câmara de Angra assumir o erro, pedir desculpa e mandar retirar estas placas de sinalização turística, procedendo à correção das que puderem ser corrigidas", salientam os dois partidos numa recomendação à autarquia, entregue na Assembleia Municipal.

Questionado pela Lusa, o autarca admitiu que "algumas das traduções são manifestamente infelizes e nalguns caos fatualmente erradas", mas garantiu que foram feitas por um instituto da especialidade e por "alguém britânico".

"Também tem essa diferença. Algumas das palavras para quem está mais habituado ao inglês americano não soam tão bem como isso. Nalguns casos são um pouco infelizes, mas o gosto de cada um não pode ser aferido por estas coisas", salientou.

Álamo Meneses disse que ninguém do atual executivo camarário esteve "envolvido no assunto", uma vez que o projeto vinha de anteriores mandatos, acrescentando que ninguém confirmou as traduções, porque confiaram no que estava feito.

O presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo adiantou que a autarquia está a analisar "placa a placa" para corrigir os "casos mais graves", mas salientou que "a informação que lá está não é a parte mais importante", já que normalmente estas placas servem apenas como "marcadores geográficos".

"As placas são bonitas, ficam bem na cidade. A maior parte delas está bem. Em 25, há algumas com uns erros, há de resolver-se", frisou.

O autarca rejeitou que os nomes das ruas tenham sido traduzidos, alegando que só quando é "relevante para a explicação" é apresentado o nome em inglês, em itálico, como na Rua Direita ("Straight Street"), onde considerou fundamental a tradução para explicar o porquê da rua se chamar Direita.

As placas vão ser agora complementadas com um código QR, que vai permitir que qualquer pessoa com um telemóvel inteligente possa aceder a informação mais pormenorizada, em diferentes línguas, mas Álamo Meneses realçou que desta vez a autarquia vai ter "muito cuidado" para que não se cometam erros.

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