Açoriano Oriental
Turquia nega acordo com EUA para utilização de bases turcas contra "jihadistas"
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco disse que Ancara ainda não tomou uma decisão sobre a utilização de bases aéreas turcas, nomeadamente Incirlik, pelas forças internacionais, lideradas pelos Estados Unidos, que estão a combater os "jihadistas".

Autor: Lusa/AO online

 

“Nenhuma decisão foi tomada sobre Incirlik", referiu Mevlut Cavusoglu, em declarações em Nova Iorque, citadas pela agência estatal turca Anatolia, contradizendo as declarações avançadas na véspera por um responsável norte-americano.

No domingo, um responsável norte-americano da área da Defesa afirmou, sob anonimato, que a Turquia tinha autorizado o acesso às bases aéreas turcas, em particular a de Incirlik, no âmbito da campanha internacional contra as posições do movimento Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque.

“Os detalhes sobre a utilização [das bases turcas] ainda estão a ser acertados”, acrescentou o mesmo responsável, citado pela agência francesa AFP.

O gabinete do primeiro-ministro turco, Ahmet Davotuglu, citado pelo jornal britânico The Guardian, esclareceu hoje igualmente que a Turquia não chegou a um acordo com os Estados Unidos sobre a eventual utilização da base de Incirlik, acrescentando que as conversações sobre este assunto vão prosseguir.

Na mesma nota, o gabinete de Ahmet Davotuglu precisou que foi alcançado um acordo para o treinamento de elementos da oposição síria moderada em solo turco, mas que ainda não era claro “onde [e] de que forma” isso iria acontecer.

Horas antes, e em declarações à agência AFP, uma fonte governamental turca, não identificada, afirmou que a Turquia não tinha alcançado um “novo acordo” com Washington para autorizar o acesso dos aviões da coligação internacional à base turca de Incirlik.

“A nossa posição é clara, não existe nenhum novo acordo”, insistiu a mesma fonte governamental, recordando que o atual acordo entre Ancara e Washington só autoriza o acesso à base de Incirlik pelas forças norte-americanas para missões logísticas e humanitárias.

Localizada perto da cidade de Adana, a base de Incirlik encontra-se a cerca de 300 quilómetros de Kobane, cidade síria curda sitiada pelos ‘jihadistas’, e alguns quilómetros mais de Raqa, o quartel-general das forças do EI.

"As negociações continuam com base nas condições já impostas pela Turquia", concluiu a mesma fonte governamental.

A Turquia tem recusado, até ao momento, entrar na coligação militar internacional liderada pelos norte-americanos, alegando que os ataques aéreos dirigidos contra os ‘jihadistas’ poderão fortalecer, indiretamente, o campo do Presidente sírio Bachar al-Assad.

As autoridades turcas têm colocado como pré-condições a criação de uma zona tampão (zona de segurança) entre a Turquia e a Síria e de uma zona de exclusão aérea no norte da Síria, mas também o treino e o armamento dos rebeldes da oposição síria moderada e a reafirmação do objetivo de derrubar o atual regime de Damasco.

Nos últimos dias, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, organização não-governamental com sede em Londres, afirmou que os 'jihadistas' já controlam cerca de 40% de Kobane, perto da fronteira com a Turquia.

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