Açoriano Oriental
Turismo de luxo com viagens personalizadas e exclusivas tem potencial nos Açores

Tiago Raiano. CEO da Newtour, um grupo com capital 100% nacional ligado ao turismo e com origem açoriana, que inclui empresas como a Turangra e a Picos de Aventura, diz que os Açores, além de ponto de escala, começam a ser cada vez mais destino de aviões privados, que trazem um turismo de luxo, com o mercado americano em destaque

Turismo de luxo com viagens personalizadas e exclusivas tem potencial nos Açores

Autor: Rui Jorge Cabral

O grupo Newtour, de origem açoriana, adquiriu juntamente com o grupo angolano Bestfly a empresa austríaca de gestão de aeronaves privadas MS aviation. Quais são os objetivos desta aquisição?

O setor aéreo é algo que está intimamente ligado à atividade de várias empresas do grupo. Nos últimos anos fomos desenvolvendo a ideia que faria todo o sentido entrar no setor da aviação, como forma de complemento, mas também de diversificação do nosso portefólio.

Esta oportunidade surgiu agora, com a BestFly com quem desenvolvemos a operação regular interilhas em Cabo Verde e com quem estamos a desenvolver outros projetos ligados à aviação noutras latitudes.

A aquisição da MS Aviation insere-se nessa estratégia e visa desenvolver gestão de ativos na aviação privada e não só, no mercado europeu, beneficiando do know-how que a BestFly tem nesta área de negócio, dado ser o maior player privado no continente africano e com uma enorme penetração nos EUA.

As aeronaves privadas podem também ser potenciadoras do turismo, ainda que num contexto empresarial e ser uma forma de trazer para Portugal e, concretamente para os Açores, turismo de micro-escala mas com enorme poder de compra?

A procura por Portugal nos últimos anos aumentou muito em mercados onde a aviação privada é comum, como os EUA.

O incremento do movimento de aviões privados sente-se nos principais gateways do país, mas também por exemplo no aeroporto de Beja, beneficiando o Alentejo, Troia e mesmo o Algarve em produtos turísticos muito exclusivos e de valor acrescentado.

Os Açores vêm fazendo o seu caminho, deixando de ser um local apenas de escalas técnicas neste tipo de operações, para ser o destino final desses turistas.

Esses turistas geralmente procuram experiências personalizadas e exclusivas, e as aeronaves privadas oferecem exatamente isso. Não podemos esquecer que hoje os Açores são um ponto de escalas técnicas para este tipo de aeronaves.

Isso abre ainda mais oportunidades para o turismo de luxo, com viagens personalizadas e exclusivas, em que todas as características das nossas ilhas, associadas a um serviço de qualidade, marcam a diferença.

O grupo Newtour detém nos Açores as empresas Turangra e Picos de Aventura. Como tem corrido a operação nos Açores e que novas oportunidades de crescimento podem surgir?

Após a pandemia, existia a dúvida de como é que a procura pelos destinos e, em particular, pelos Açores iria reagir. A verdade é que temos assistido uma retoma muito acentuada dos números e as empresas do grupo estão a beneficiar dessa procura, apesar de termos de lidar com muitos desafios para os quais o setor não estava preparado após um período de paragem tão intenso como o que tivemos na pandemia.

Na nossa visão, os Açores terão sempre oportunidades de negócio ao nível do produto turístico, quer seja na sua criação/inovação, quer seja ao nível da sua qualificação. É aí que nos queremos posicionar e continuar a investir nos Açores, sempre assente nas características que nos distinguem de outros destinos turísticos.

Quais são, no seu entender, os principais desafios que se colocam neste momento ao crescimento do turismo nos Açores e nomeadamente ao nível das ligações aéreas com o exterior?

A requalificação da oferta, a falta de mão-de-obra e formação merecem uma atenção redobrada e premente de todos nós, sob pena de não estarmos à altura das expectativas de quem nos visita e das experiências que estamos a proporcionar.

Ao nível de ligações aéreas, os Açores fizeram um excelente trabalho nos últimos anos, levando a que várias companhias começassem a voar para cá.

O problema nesta fase é que o crescimento exponencial e a procura mundial no setor aéreo levam a que as companhias olhem para os seus ativos de vários milhões e pensem onde é que estes podem ser mais rentáveis, levando a optar por rotas consolidadas e com yields (rentabilidade) mais elevados.

Esse é o desafio que destinos quase emergentes, como os Açores, no mercado mundial terão de enfrentar num futuro próximo. Para nós, o centro do mundo são os Açores e dificilmente comparáveis, mas, num mercado global, o prisma poderá ser diferente até estarmos consolidados.

Apesar de tudo, acho que a manutenção das operações de companhias de bandeira como a United ou a Iberia, entre outras, são sinais muito encorajadores do trabalho que vem sendo desenvolvido.

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