Açoriano Oriental
Face Oculta
Sócrates classifica notícias como "jornalismo de buraco de fechadura"
O primeiro-ministro, José Sócrates, considerou hoje "absolutamente lamentável" o que apelidou de "jornalismo de buraco de fechadura", baseado em "escutas telefónicas e conversas privadas" sem relevância criminal.
Sócrates classifica notícias como "jornalismo de buraco de fechadura"

Autor: Lusa/AO online
Questionado sobre as notícias dos últimos dias que o acusam de ingerência no caso TVI e de, alegadamente, querer condicionar o Presidente da República, Sócrates recusou contribuir para "essa infâmia". "Eu não contribuo para essa infâmia, nem para a degradação da nossa vida pública, baseando-se essas acusações e essas notícias em escutas telefónicas", disse, à margem da cerimónia de adjudicação de contratos das redes de nova geração, em Vila Viçosa. Na edição de sexta-feira, o semanário Sol transcreve extratos do despacho do juiz de Aveiro responsável pelo caso Face Oculta em que este considera haver "indícios muito fortes da existência de um plano", envolvendo o primeiro-ministro, José Sócrates, para controlar a estação de televisão TVI e afastar Manuela Moura Guedes e José Eduardo Moniz. Do despacho constam transcrições de escutas telefónicas envolvendo Armando Vara, então administrador do BCP, Paulo Penedos, assessor da PT, e Rui Pedro Soares, administrador executivo da PT. O assunto é hoje retomado pelo Correio da Manhã, que, com base nos mesmos extratos, diz em manchete "Conspiração ataca presidente", e escreve que "Primeiro-ministro tinha plano para condicionar atuação de Cavaco Silva". "Eu acho absolutamente lamentável esse jornalismo, que se pode classificar como jornalismo de buraco de fechadura, baseado em escutas telefónicas e em conversas telefónicas que, não tendo relevância criminal, devem ser privadas", frisou o primeiro-ministro. "Ainda por cima, era o que faltava que eu me pusesse agora na posição comentar conversas privadas de outros. Não o faço", sublinhou, considerando que tal atitude "indecorosa e desprezível". Na sexta-feira, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, questionado sobre esta matérias, apenas tinha dito que "o Governo não tem naturalmente que dar explicações em matérias em relação às quais não tem nada que lhe pese na consciência". O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas.  No âmbito deste processo, foram constituídos 18 arguidos, incluindo Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP, que suspendeu as funções, José Penedos, presidente da REN - Redes Elétricas Nacionais, suspenso de funções pelo tribunal, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA. Esta é a empresa que está no centro da investigação e o seu proprietário, Manuel Godinho, é o único dos 18 arguidos do processo que está em prisão preventiva.
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