Autor: Lusa/AO online
A ideia surgiu na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), que, por ter uma forte representação internacional, constatou várias situações, tanto a nível de concursos internacionais, como prémios, em que Portugal é um dos países que apresenta um maior número de candidaturas, mas “raramente” essas candidaturas chegam a finalistas.
Primeiro veio a “curiosidade” de perceber a razão, depois o trabalho de olhar atentamente para essas candidaturas e ver o motivo pelo qual não eram bem-sucedidas, para chegar à conclusão que os projetos “eram bons”, às vezes melhores do que os que chegavam a finalistas.
“Razão por que não chegavam aos finalistas: candidaturas mal feitas, com os campos a preencher ou para apresentar os indicadores, objetivos ou metas não eram os campos apropriados, onde o inglês não era claro ou onde faltava informação fundamental”, explicou à Lusa Luísa Valle, da FCG.
A responsável sublinhou que, numa altura em que há falta de fundos em Portugal, é urgente melhorar a capacidade das organizações em ir buscar fundos lá fora.
Ao mesmo tempo, com o recurso a esta nova plataforma, é possível “aliviar as organizações de um peso grande que é a procura de financiamento num país onde o financiamento é escasso”.
Para a concretização da ideia juntaram-se a Fundação EDP, a Associação Mutualista – Montepio Geral, a Fundação PT, e, mais tarde, o Estado, através da CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, algo que acontece pela primeira vez, frisou Luísa Valle.
Da discussão, surgiu então a ideia de criar uma plataforma, à disposição do terceiro setor, que pudesse, não só servir de ajuda para sinalizar oportunidades de financiamento, mas também providenciar vários serviços que, no, limite, se podem traduzir na ajuda à formalização de uma candidatura.
Paralelamente, há quatro entidades (Call to Action – Consultoria em Fundraising, IES – Social Business School, Stone Soup Consulting e TESE – Associação para o Desenvolvimento) que, pela sua experiencia de trabalho, são chamadas a ajudar, tendo-se constituído em consórcio para desenvolver o trabalho da plataforma.
Segundo explicou Luísa Valle, cabe às quatro fundações avançar com o financiamento inicial, que ronda os 140 mil euros, e que irá sustentar a GEOfundos durante os primeiros doze meses.
No entanto, o objetivo é que a plataforma seja autossustentável, algo que será conseguido à custa do sucesso das candidaturas apresentadas.
“Porque uma boa parte das candidaturas, designadamente as comunitárias, tem depois uma determinada verba destinada a assistência técnica e que financia ‘a posteriori’ a própria preparação da candidatura”, explicou Luísa Valle.
“Se a candidatura for ganhadora, a instituição que submeteu a candidatura recebe dinheiro relativo à assistência técnica e pode pagar o serviço que lhe foi prestado pela plataforma GEOfundos”, acrescentou.
Segundo a responsável, o financiamento das fundações vai diminuindo à medida que o consórcio trabalha para encontrar serviços.
Luísa Valle apontou que qualquer entidade do terceiro setor poderá usar esta plataforma, havendo uma boa parte da informação que é gratuita, como por exemplo saber quais as oportunidades de candidatura a prémios ou financiamentos existentes.
Já a informação mais específica ou a preparação de uma candidatura será paga, sendo que os valores a pagar serão calculados em função da dimensão da instituição.
A GEOfundos vai ser formalmente apresentada no dia 16 de maio, mas tem já identificadas 120 oportunidades de financiamento, que representam um valor disponível superior a 500 mil milhões de euros.