Açoriano Oriental
Rui Mourão lidera "performance artivista" no Museu Nacional de Arte Antiga
O artista plástico Rui Mourão está a liderar uma "performance artivista" no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, "em defesa da Cultura, das Artes, dos Museus e da democratização do seu acesso", segundo afirmou à Lusa.

Autor: Lusa/AO Online

 

Intitulada “Os nossos sonhos não cabem nas vossas urnas”, o artista plástico apresenta esta intervenção como um “segundo ato”, depois do “primeiro ato” realizado no passado dia 04 de julho, no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, durante a inauguração da sua instalação, e que durou até ao dia seguinte.

Nos pisos dois e três do MNAA encontram-se 73 pessoas vestidas de negro – “em sinal de luto pela Cultura”, explicou Mourão – imobilizadas, reproduzindo poses dos quadros expostos e cada um, no seu ritmo declama, em forma de lengalenga, “Somos Arte, diante da arte de luto pela Arte, em luta pela Arte”.

A ação está a ser seguida atentamente pelos vigilantes do museu, que aparentam não terem sido apanhados de surpresa.

Os participantes, cidadãos anónimos, na sua maioria, declamam esta espécie de “mantra” ao seu ritmo, em conjunto, mas não em coro, com intervalos de 15 minutos de silêncio.

Esta ação "artivista" visa “a reposição das entradas gratuitas todos os domingos nos museus, a redução dos preços dos bilhetes de entrada” nestas instituições e “a reposição do Ministério da Cultura” no organograma do Governo.

Outra exigência dos “artivistas” é, “conforme recomendação da UNESCO, que se estabeleça o mínimo de 1% do Orçamento do Estado para a Cultura”.

O número de 73 “artivistas” é uma referência ao artigo 73.º da Constituição da República Portuguesa, que afirma que “todos têm direito à Educação e à Cultura” e de que “o Estado promove a democratização da cultura, incentivando e assegurando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural”.

“Estamos a defender um direito consagrado na nossa Constituição”, enfatizou à Lusa Rui Mourão.

O conceito de "performance artivista”, criado por Rui Mourão, procura evidenciar como os recentes protestos - “de qualquer quadrante político, mas todos tendo como alvo o bem comum” – estão “contaminados pela arte”.

Um dos exemplos citados por Mourão remonta a 05 de outubro de 2012, quando, em plena celebração oficial da implantação da República, no Pátio da Galé, em Lisboa, a cantora lírica Ana Maria Pinto se infiltrou no local, para interpretar inesperadamente, “Firmeza”, uma das "Canções Heroicas", de Fernando Lopes-Graça.

No passado dia 05 de julho, após a “ocupação artivista” do Museu do Chiado, Rui Mourão afirmou que tinha sido “uma etapa” e que poderiam haver mais ações a realizar por “outras pessoas e noutros locais”.

“É importante temos consciência cívica da importância da arte e da cultura e esta ação foi para chamar a atenção para isso”, explicou na ocasião o artista à Lusa.

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