Açoriano Oriental
PCP acusa Governo Regional de falta de diálogo na reestruturação das pescas

O coordenador do PCP/Açores, Vítor Silva, criticou esta terça-feira o que diz ser a falta de diálogo do Governo Regional no processo de reestruturação do setor das pescas, considerando que o reajustamento da frota vai provocar desemprego e pobreza.

PCP acusa Governo Regional de falta de diálogo na reestruturação das pescas

Autor: Lusa/AO online

“Este processo feito da forma como está a ser feito vai conduzir no imediato à perda de centenas de postos de trabalho. Esta é uma situação que tinha de ser conduzida de uma outra forma”, adiantou Vítor Silva, acrescentando que “causa alguma estranheza que os pescadores não sejam tidos nem achados neste processo”.

O dirigente falava numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, em que apresentou as conclusões da reunião da direção regional do PCP, que decorreu no fim de semana, em Ponta Delgada.

Para os comunistas açorianos, o anúncio do Governo Regional de criação de incentivos para o abate de embarcações de pesca é um “rude golpe neste setor”, que desde a adesão à União Europeia viu a sua frota reduzida de 1947 embarcações para menos de 600.

O presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, disse em 13 de março que seriam reservados mais de meio milhão de euros para incentivar os pescadores da região a abandonar a atividade, devido ao excesso de profissionais que existe no setor.

Vítor Silva defendeu o alargamento da zona exclusiva para as 200 milhas e a adequação da frota para pescar entre as 100 e as 200 milhas, acusando o executivo açoriano de não ter uma estratégia para o setor e de estar subordinado às diretivas da União Europeia.

“Temos um problema introduzido e causado por este Governo Regional. O próprio Governo Regional ao tomar esta medida no imediato está a dizer que durante 25 anos não fez nada em relação ao setor das pescas. Deixou este setor completamente abandonado e moribundo e agora vem fazer o enterro de todo um setor”, frisou.

Segundo o dirigente comunista, é preciso aumentar a formação dos pescadores, aumentar o rendimento e o valor do pescado na primeira venda e garantir o seu escoamento de forma rápida por via aérea, porque “os rendimentos dos pescadores são extremamente baixos” e, pelas contas do PCP, cerca de “10% da população está dependente desta fonte de rendimento”.

"Embora com variações de ilha para ilha, a pobreza entre as comunidades piscatórias continua a ser uma realidade indesmentível", sublinhou.

Quanto à reestruturação do setor público empresarial, o PCP concorda com a extinção de algumas empresas públicas, como a Saudaçor (saúde) e a SPRIH (promoção e reabilitação de infraestruturas), que diz chegar "tardiamente", mas reitera a sua posição contra a privatização de empresas de áreas estratégicas como “os transportes, a energia ou o setor transformador”.

“O PCP defende que a região deve continuar a assumir o seu papel na economia, detendo as empresas estratégicas que asseguram serviços essenciais para o nosso arquipélago, que não podem ser confundidas com outras entidades empresariais que se limitam a duplicar funções que podiam e deviam ser exercidas diretamente pela região e que servem apenas para aprofundar o endividamento regional”, salientou o coordenador regional do partido.


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