Autor: Lusa / Ao online
"Não podemos fazer de conta que não existe um problema. Não podemos ser cínicos", disse Passos Coelho, de acordo com sociais-democratas que participaram na reunião da Comissão Política Nacional do PSD realizada entre as 21:00 horas de quarta-feira e as 2:00 horas de hoje, e da qual saiu um convite à direção do CDS-PP para uma reunião destinada a renovar o apoio ao acordo político de coligação.
Dirigentes sociais-democratas adiantaram à agência Lusa que o presidente do PSD referiu ter ficado espantado com a intervenção feita no domingo pelo presidente do CDS-PP e ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, em que este se demarcou das alterações à Taxa Social Única (TSU).
Quanto à negociação em curso com a central sindical UGT e com as confederações patronais relativa a esta medida, Passos Coelho reiterou uma posição de abertura, mas não adiantou nada de concreto. E o comunicado divulgado a meio da noite pela Comissão Política Nacional do PSD não faz qualquer referência à TSU, limitando-se a manifestar confiança no esforço de concertação entre Governo e parceiros sociais.
Presente nesta reunião enquanto representante do grupo parlamentar europeu do PSD, o eurodeputado Paulo Rangel voltou a considerar que o aumento das contribuições dos trabalhadores e a descida da TSU paga pelas empresas "é um erro", embora tenha deixado elogios ao trabalho do Governo em termos globais.
Segundo um dirigente social-democrata, o desagrado face à intervenção feita por Paulo Portas no domingo foi dominante. O vice-presidente do PSD Pedro Pinto voltou a utilizar a expressão "inacreditável" e foram ouvidas expressões ainda mais duras.
Cerca das 00:30 de hoje, depois de alguns acertos no texto, a Comissão Política Nacional do PSD divulgou um comunicado anunciando a decisão de convidar a direção do CDS-PP para uma reunião, a realizar o mais brevemente possível, para "obter a indispensável manifestação de apoio ao acordo político de coligação".
Essa reunião das direções partidárias dos dois partidos que suportam o Governo deverá servir para "obter a indispensável manifestação de apoio" também quanto "às decisões e estratégia do Governo em matéria de consolidação orçamental e ajustamento estrutural, visando uma trajetória de crescimento sustentável".
No mesmo comunicado, os sociais-democratas defendem que "é fundamental clarificar a relação entre os partidos da coligação", que entendem ter sido "afetada" pelas decisões dos órgãos internos do CDS-PP, "de modo a assegurar a estabilidade política".
O CDS-PP deverá responder hoje de manhã a este pedido de reunião feito pela Comissão Política Nacional do PSD, disse fonte da direção deste partido à Lusa.
Antes da reunião do Conselho de Estado marcada para as 17:00 horas de sexta-feira, o primeiro-ministro vai estar, nesse dia de manhã, no debate quinzenal na Assembleia da República. Hoje de manhã reúne-se, como habitualmente, o Conselho de Ministros.