Açoriano Oriental
Mestre explica acidente no porto açoriano de S.Roque em 2014 por cabeço estar podre
O mestre da empresa pública de transporte marítimo nos Açores Atlânticoline afirmou hoje que o cabeço de amarração que rebentou no porto de S. Roque do Pico e matou um passageiro em novembro de 2014 "estava podre".

Autor: Lusa/AO Online

“Em S. Roque, pelo que eu vi, o cabeço estava podre. Estava lá há 30 anos ou mais. Bastava olhar para ele. Metade estava todo corroído de ferrugem. Não conheço nenhuma manutenção que tenha sido feita antes do acidente”, afirmou José Fernando na audição da comissão de inquérito do parlamento açoriano ao transporte marítimo de passageiros e infraestruturas portuárias no arquipélago, que decorreu em Ponta Delgada.

O acidente, ocorrido em novembro do ano passado no porto de São Roque do Pico, provocou a morte a um passageiro da empresa pública açoriana de transporte marítimo Transmaçor (entretanto fundida com a Atlânticoline), atingido por um cabeço de amarração que rebentou.

José Fernando referiu que, no caso do porto da Horta e da Madalena, onde também rebentaram cabeços antes deste acidente mortal, o sucedido se deveu “à má colocação dos cabeços” de amarração, e acrescentou que “não é normal rebentar cabeços nos portos”.

“Partir um cabo é normal. Agora partir um cabeço não é normal. Alguma coisa não está a funcionar bem. Em minha opinião deve-se à má colocação de cabeços e ao próprio material (de que são feitos)”, afirmou o mestre da embarcação “Mestre Simão”, que opera no grupo central do arquipélago, acrescentando que noutros portos dos Açores “não se têm partido cabeços de amarração”.

Aos deputados, José Fernando, que entrou para a Transmaçor em 1999, referiu que desde o acidente que vê tirar e colocar cabeços, mas “continua tudo na mesma, porque eles continuam na mesma posição, acrescentando que “ou fazem uma base para estarem nivelados ou não estão lá a fazer nada”.

O mestre daquela empresa reconheceu que, quer com as anteriores embarcações, quer agora com os dois novos barcos, “Mestre Simão” e “Gilberto Mariano”, os cabos continuam a rebentar frequentemente e que a atual espessura dos cabos em uso (44 milímetros) “ainda não é a adequada”, algo que já foi comunicado à administração da empresa pelos mestres dos navios.

“Se se partir um cabo, se se partir um cabeço do navio ou se se aleijar alguém a entrar ou sair do navio a responsabilidade é do navio, mas se partir um cabeço em terra, eu não trabalho em terra e eu não projetei a estrutura portuária”, afirmou o mestre, alegando que “a capacidade dos (dois novos) navios para manobras é muito boa, têm muita força, mas também muito mais peso, pelo que requerem mais cuidados nos portos”.

Segundo disse José Fernando, as novas infraestruturas portuárias na Horta, Madalena e S. Roque do Pico são “cómodas” para passageiros, mas os portos em si e as rampas “são mal direcionadas”, o que limita as operações marítimas quando está mau tempo.

A comissão parlamentar de inquérito aos transportes marítimos nos Açores termina na quinta-feira a fase de audições presenciais, com o gerente da Atlânticoline, Luís Paulo Morais, para depois proceder à elaboração do relatório final.

 

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