Açoriano Oriental
Crise abriu "janela de oportunidades" para empresas portuguesas
A crise abriu uma janela de oportunidades no Reino Unido para as empresas portuguesas, considera o diretor do centro de negócios da AICEP em Londres, de saída para dirigir as operações na América Latina.
Crise abriu "janela de oportunidades" para empresas portuguesas

Autor: Lusa / AO online

Bernardo Ivo Cruz descreve a crise económica e financeira britânica como tendo “duas faces”, uma das quais a falta de capacidade em fazer negócios com empresas portuguesas.

Por outro lado, está convencido também que a “crise abriu uma janela de novas oportunidades”, afirmou à agência Lusa, em vésperas de deixar a capital britânica.

A chave do sucesso está na mudança de perceção de Portugal no Reino Unido, que, quando chegou ao Reino Unido em janeiro de 2008, constatou ser “muito limitada”.

Apesar de, no geral, os britânicos terem uma imagem positiva do país, esta estava ainda “muito ligada ao turismo e às indústrias do lazer”.

Em conjunto com o banco Barclays, a AICEP começou a organizar a partir de 2009 uma série de conferências para mostrar “o outro Portugal”.

Ivo Cruz quis mostrar “um Portugal tecnologicamente avançado, economicamente moderno, intelectualmente estimulante, muito ligado à investigação e desenvolvimento, muito ligado às novas tecnologias”.

Assim, foram convidadas empresas ligadas às energias renováveis, tecnologias de informação e software, biotecnologia e saúde, materiais de construção e, já este ano, do setor aeronáutico, para apresentarem os seus projetos a executivos britânicos dos respetivos sectores.

Estas geraram vários contactos, nomeadamente da BAE Systems, um grupo britânico com interesses nas indústrias aeroespacial, defesa e segurança, que mostrou interesse em colaborar com empresas portuguesas.

O que aconteceu nestes dois anos, sublinhou, é que “os mercados tradicionais para onde o Reino Unido se voltava à procura de tecnologia e inovação estavam também em crise”.

Perante as dificuldades nos EUA, Alemanha e França, observa, “havia um vácuo que nos permitiu entrar e que ocupar um espaço”.

Os resultados até agora são mistos, reconhece o delegado da AICEP, tendo nuns casos traduzido em negócios e “noutros não”.

Todavia, pela experiência destes quase três anos percebeu que a qualidade é o fator principal para as empresas portuguesas poderem vencer no Reino Unido, onde o mercado é muito competitivo.

Na sua opinião, devem apostar em conquistar um “consumidor mais exigente e mais esclarecido, mas que tem mais capacidade de pagar mais caro por uma coisa melhor”.

Doutorado em Ciência Política pela Universidade de Bristol, Bernardo Ivo Cruz foi sub-secretário de Estado Adjunto do ministro dos Negócios Estrangeiros e coordenou a Missão de Apoio à Reconciliação Nacional em Timor Leste do Club de Madrid.

Agora vai dirigir o Centro de Negócios da América do Sul, com sede em São Paulo, até dezembro de 2012.

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